O "Caderno de música" não ficará esquecido.
O "Caderno de música” não ficará esquecido.
(*) Texto de Aparecido Raimundo de Souza.
(**) Sobre o texto.
Aos 69 anos, morreu nesta manhã de sábado (3) em sua casa, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, vítima de um infarto o jornalista e acadêmico Luiz Paulo Horta. O escritor foi o sétimo ocupante da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras (ABL), para onde foi eleito em 21 de agosto de 2008, sucedendo Zélia Gattai, esposa de Jorge Amado.
Paulo Horta nasceu em 14 de agosto de 1943, no Rio de Janeiro. Chegou a dar início aos estudos de Direito na PUC-RJ, mas abandonou para se dedicar inteiramente ao jornalismo, tendo trabalhado por 26 anos no “Jornal do Brasil” (entre 1964 e 1990) e por um ano no “Correio da Manhã” (entre 1963 e 1964). Atualmente mantinha uma coluna em “O Globo”, onde escrevia uma coluna e fazia críticas de música.
Sua mais recente análise para o jornal foi sobre a Jornada Mundial da Juventude, em que afirmou que o Papa se revelou um "comunicador incomparável, capaz de dizer coisas profundas na linguagem mais simples".
Em caminho paralelo, fundou e dirigiu a seção de música do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e um grupo de estudos bíblicos no Centro Loyola da PUC. RJ.
Em nota, esta manhã, a ABL informou que a presidente Ana Maria Machado determinou luto de três dias e que a bandeira da Academia fosse hasteada a meio mastro.
"Nas variadas facetas de suas múltiplas atividades intelectuais disse Ana Maria -, Luiz Paulo Horta sempre manteve integridade moral e profundo respeito a um conjunto de valores éticos, os cada vez mais raros. Fosse no dia a dia de editorialista, de crítico musical, de acadêmico, fosse na imersão em questões filosóficas ou reflexões religiosas, nosso querido Luiz Paulo jamais deixou de dar um testemunho exemplar dessa inteireza a serviço do conhecimento do assunto e de uma erudição em permanente processo de atualização" finalizou a acadêmica Ana Maria Machado.
O ex-Presidente da casa, Marcos Vinicios Vilaça, assim que soube do ocorrido, concedeu entrevista aos repórteres onde declarou o seguinte. "Estamos todos muito chocados, e logo a saudade vai se acrescentar, pois na última semana ele produziu verdadeira obra-prima, as crônicas em torno da visita do Papa Francisco ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude".
Luiz Paulo Horta era casado com a também jornalista Ana Cristina Reis, editora do caderno ELA, publicado aos sábados no jornal “O Globo”. Deixa três filhos, Ana Magdalena Horta, Ana Clara Horta e José Maurício Horta, o (Kiko) e seis netos.
O velório que seguirá ininterruptamente pela madrugada, está sendo realizado neste momento na Academia Brasileira de Letras e o corpo será sepultado no mausoléu da instituição no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio, amanhã domingo (4), a partir das 11 horas.
Antes, às 8h30m, Don Orani Tempesta arcebispo do Rio de Janeiro, celebrará missa de corpo presente.
Para quem não sabe, ou não lembra, o primeiro livro de Horta foi “Caderno de música”, publicado em 1983. Depois “Sete noites com os clássicos”, “Sagrado e profano”, “A Música das esferas” e “A Procura de um cânone”. Seu derradeiro trabalho foi a “Bíblia: um diário de leitura”, lançado em 2011.
O escritor recebeu vários prêmios, entre eles o Padre Ávila de Ética no Jornalismo, concedido pela PUC-RJ e em 2010 foi agraciado com a Medalha do Inconfidente, pelo governo de Minas Gerais.
Fica aqui a nossa singela homenagem ao ilustre jornalista Luiz Paulo Horta, com quem estivemos em fevereiro deste ano, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no Rio de Janeiro e claro, as nossas condolências a esposa, filhos e netos.
(*) Aparecido Raimundo de Souza, 60 anos é jornalista.
(**) Sobre o texto: Especial para a revista “TEXTOS INTELIGENTES” SÃO PAULO Edição nº 255 - 03 DE AGOSTO DE 2013.