COCORICÓ
Por Carlos Sena


 
Porque hoje é sexta, melhor falar dos bestas. Porque hoje é sexta melhor não falam em SUS, mas em NUS. Bestas e NUS – eis uma prosa que me ocasiona pela própria dinâmica da sexta que pode ser com feira ou da feira que aos mangaios ignora. Falar dos NUS. Nus de ideias, nus de sentimento, nus de força e vontade que, por isso mesmo passam horas falando dos outros enquanto o tempo passa lá fora à sobranceira.  Falar dos bestas não convém, até porque é sexta e os demônios me esperam para solta-los no meio do mundo da putaria. Putaria cai bem na sexta, menos para os pudicos. Pudico adora dizer o que faz sem fazer e fazer tudo que não deve sem dizer. Mesmo assim, não convém falar hoje, por exemplo, no SUS que a tantos incomoda, porque na ciranda da vida ser contra o SUS é ser a favor do politicamente incorreto –  mais do reto do que do politico. Voltando aos bestas, melhor as tetas das vacas profanas que tomam conta do mundo a despeito dos que sequer mamam, embora disponham de tetas cheias de leite. Deleite de sexta. Evocação aos nus que precisam ser vestidos de imoralidade consentida; que precisam romper com a pasmaceira de uma vida sem novidades quando o quesito é a vida ensimesmada pelo tempo que não espera, mas nos desespera enquanto não faz a hora.
Adiantem os ponteiros do relógio. O tempo não sentirá os efeitos porque se hoje é sexta, só aos bestas se concede esse martírio. Melhor colírio nos olhos com o desfilar da moça linda que nos falseia a biela ou do homem belo que nos deixa de tramela. Porque  hoje é sexta queria encontrar uma vaca com as tetas cheias de cerveja. Mas, veja: nem toda teta nos aquieta e nem toda quietude nos serve no porvir. Melhor romper o socialmente estabelecido e não se importar com o que foi dito, ou escrito em forma de Leis e Decretos – quem quiser que bote o seu na reta, porque nas tetas dos bestas nem a besta fera reverbera. Para os NUS, melhor continuar despidos de vaidades bestas; melhor continuar derrubando o pau da barraca sem se importar se a barraca tem dono. Há cão sem dono. Há dono do cão e ainda aqueles que querem ser do cão a mordida. Prefiro a sexta e o galinheiro cheio para soltar todas as frangas e ve-las invadir o Congresso Nacional em marcha triunfal. Cócoricó.