Flores
Quão pequeno é o teu grão.
Que grande tua multidão.
Tuas florestas de concreto.
Que semeiam solidão.
Tua luz somente cega.
O seu sol é ilusão.
O teu dia quando nasce
Que não mata a aflição.
Teus encontros, falsidade.
Só aumentam tuas dores.
Teus dez minutos de cama
Que não sabem, ser amores.
Seus buques de rosas mortas.
Que semeiam ilusão.
Seus venenos escondidos.
Vai matando a multidão.
De que me valeram as flores
Se acabam os perfumes
De que valem os amores
Se não passam de costumes.
Tão falso é o buque
Quanto os sorrisos.
Logo murcham as rosas
Logo secam os granizos.
Tudo de nada vale
Nessa hipocrisia doce.
O seu vazio é tudo
Que sobra nos odores.
Nesse mundo de mortos
Que tem tudo e nada valem.
Nesse mundo de hipócritas
Que veneram os seus males.