A morte que me converte.
Nada que me limite.
Tudo que me liberte.
Da vida que me persiste.
Da morte que me converte.
Dos sonhos que me ficaram,
Daquilo que abri mão.
Daqueles que me convenceram,
A sair da contramão.
Mas a contramão é a mão,
Que se estende ao necessitado.
E a mão é a ilusão,
Vida dos desesperados.
O que é certo é errado,
Pura inversão de valores.
E a hipocrisia, doce veneno,
Que mata e não tem odores.
Nós mortos desse veneno
Vivemos essa ilusão.
Eu vivo também essa morte.
Que é seguir essa contramão.
O amor, aqui é eterno.
Nos dez minutos de cama.
A paixão e confiança.
De se entregar a quem se ama.
Mentir para mim mesmo,
É morte e que um dia cesse.
Essa capacidade de fingir,
No espelho que me entristece.
A liberdade é tão doce
Que não tem comparação
Isso nos diz o guarda.
Que guarda a nossa prisão.
Um dia serei livre também,
No fim da rebelião.
No meu pedacinho de terra
Sete palmos a baixo do chão.
A bala mata os sonhos,
Dos filhos que eu criei.
A arma não é minha.
Mas a bala eu que paguei.
Meus netos serão educados,
Pelos sem educação.
E aprenderam a sonhar,
E viver dessa ilusão.
Mas eles serão felizes,
Fazendo o que devem fazer.
Mas isso é, o que disserem,
Pois não poderão escolher.
Já disse quero o açoite,
Já disse no frio da noite.
De todas as minhas verdades
Que essa, mentira fosse.
Não fosse verdade a minha guerra.
Não fosse mentira minha paz.
Que fosse minha guerra ilusão.
Que fosse minha paz, morte a mais.
Na vida teria paz.
Na vida teria sorte.
Mas paz pra mim é verdade.
E sorte é sair dessa morte.
Sorte aqui é fazer dinheiro.
E não ter tempo de usar.
Sorte é não ter saúde,
De tanto, tanto trabalhar.
Perdão, seja dado aos loucos.
Que sabem o que é perdoar.
A nós a mágoa e o seu câncer.
Para ter o poder de matar.
Que eu tenha paz, amor e paixão.
Que eu tenha paz, felicidade e perdão.
Que eu tenha paz, liberdade e sorte.
Que eu tenha paz, terei.
No dia da minha morte.