NA FAZENDA DO VOVÔ DITO
Ir a fazenda de vovô Dito era a viagem, porque era pura aventura!!!
Da cidade onde morávamos até lá, eram umas seis horas por estradas de terra, mata-burros, rios com pontes de pedaços de toras e todo tipo de dificuldades, era tudo de bom!
Acho que toda a família tem histórias para contar, porque nem sempre íamos juntos e por lá acontecia de tudo.
Apesar de não mais pertencer a família, a Fazenda continua a chamar-se Valéria, é uma Fazenda com muitos coqueiros, fica perto da praia Costa Azul em Mangue Seco, é linda!! A casa fica no alto do morro e embaixo fica o vale e o rio.
Tinha gado de leite, búfalos, bodes, galinhas, patos e todo tipo de animal,se criava de tudo.
A casa era toda branquinha, tinha luz elétrica de motor, o que já nos fez muitas vezes dormir a luz de candeeiro ou a ficar conversando a luz da Lua e das Estrelas.
Em todos os feriados que podíamos nos reuníamos lá.
Nossa família é bastante grande, éramos seis irmãos, casados e com filhos, o que dava um total de umas trinta pessoas.
Num Carnaval, que resolvemos passar por lá, choveu bastante, as estradas estavam muito ruins, mas mesmo assim resolvemos ir, meu irmão caçula convidou um amigo, meu filho pequeno estava com 8 meses, levamos a babá e toda bagagem que se possa imaginar, lençol,toalhas,comida,bebidas e etc... e passamos na cidade onde meus Pais moravam ,para ir junto com o vovô Dito.Ele demorou um pouco e resolvemos sair antes,por causa do nosso bebê.
Já na estrada começou a chover torrencialmente e a cada cidade que passávamos as pessoas falavam para trocar de estrada ou voltar (não tínhamos como fazer isto, impossível com tanta chuva) achávamos que prá frente a estrada estaria melhor e a chuva também e assim íamos seguindo, ao meio-dia, paramos para almoçar e ligamos para o Vovô avisando-o para não ir, mas resolvemos continuar a viagem pois o lugarejo não tinha nem onde dormir. Lembro que quanto mais andávamos mais difícil ficava a viagem, muita água, os rios transbordando, realmente não sabíamos mais o que fazer,os poucos carros que passavam por nós, dizia para voltarmos e nós sabíamos que voltar era impossível,só andávamos e rezávamos.
Naquele momento não tive noção do perigo que corríamos, mesmo com meu bebê no carro eu confiava em Deus e no volante do meu marido, portanto fiquei bem tranqüila, o que deu tranqüilidade a todos no carro e ao meu marido.
Numa determinada hora tivemos que pedir aos meninos para ir na frente do carro porque não víamos nada, não sabíamos se era estrada ou Rio, todos os lençóis e toalhas foram usados para que eles se protegessem da chuva,mesmo assim eles ficaram encharcados, teve um momento que foi crucial, estava passando um carro por nós e ele nos disse que iríamos passar logo a frente em um rio e que tivéssemos cuidado porque o Rio estava puxando, os meninos foram na frente e além do rio estar puxando, a correnteza estava forte, ainda tinha uma ponte e um buraco em cima dela. Eles pediram para esperar e nós entendemos que era para ir e fomos.Quanto Deus foi bom com a gente!!!! O buraco da ponte era do nosso lado, conseguimos não cair e nem os meninos.A viagem continuou e nunca que chegávamos, até que a meia-noite, 14h depois que saímos de casa, conseguimos chegar a cidadezinha perto da Fazenda, já não chovia e ai, começou outro problema,
#comocoisasquesoacontecemcomigo
ou #comquemestacomigo não podíamos passar para Fazenda porque um caminhão tinha virado na estrada e lá não existia Hotel, pensão ou qualquer outro lugar para dormirmos. Ficamos sem saber o que fazer e saímos de casa em casa perguntando se existia algum lugar que pudéssemos pelo menos colocar os meninos para descansar e surgiu uma senhora que alugava camas e nos disse que se não alugássemos todas as camas,o quarto inteiro e chegasse outra pessoa ela colocaria em nosso quarto,pensem ai? alugamos camas, o quarto inteiro, 4 beliches e tudo mais que tinha ali. Os meninos com os quais estávamos tão preocupados em colocar para descansar, armaram uma barraca de camping,que nem sabíamos que tinham trazido, já estavam grandinhos, adolescendo, chamaram a filha da dona da casa que nunca tinha visto uma barraca daquela,para conhecer,ela ficou encantada e... a bobinha não conhecia a barraca mas conhecia outras coisas e resolveu dormir com eles,o que só soubemos no café da manhã que foi maravilhoso, com tudo que se tem direito num café Nordestino. Pela manhã o Sr. Sol resolveu aparecer e secou a estrada, ajudamos a retirar o caminhão e finalmente depois de uns outros percalços em mata-burros, conseguimos chegar a Fazenda . Ao meio-dia a família chegou faceira e feliz e nós não parávamos de contar os acontecidos e entre beijos e abraços ,passamos a madrugada a papear e tomar um whisquinho,que ninguém é de ferro.