A PRESIDENTA, JÁ IA AO MINEIRÃO DESDE QUANDO ERA UMA CRIANÇA ADOLESCENTA.

Muitas vezes o cronista se vale de uma frase, de apenas uma palavra que leu ou ouviu para que seja remetido a uma situação que vivenciou ou que dela tomou conhecimento. Mandei para um amigo as 20 piores capas de disco de música clássica, que um site inglês selecionou. Ele me respondeu com uma inquietante indagação: “O que mais me chama a atenção, é saber que alguém teve a ideia, montaram a produção, viram os resultados e aprovaram. Parecem (as capas) piadas.” Pois essa indagação me levou aos tempos em que fui publicitário, enquanto era impedido de voltar ao jornalismo, por questões políticas, algumas inconveniências e outros quês - o salário numa agência de propaganda era de três a quatro vezes maior do que o que se recebia num jornal - observava absurdos publicados depois de passar por dezenas de pessoas, cada uma em sua “especialidade”. Do criador ao cliente, muitas vezes, mais de 20 pessoas metiam o bedelho e o anúncio era publicado com erros. “Vem pra caixa você também” é, talvez, o mais clássico exemplo. Usaram a segunda pessoa do presente do indicativo no lugar do imperativo do verbo vir. O certo é “Venha (que você venha) para a Caixa você também”.Só que ninguém fala assim.

“Vota Brasil” tem vírgula. Brasil não é o sujeito da oração. É o vocativo. “Vota, Brasil.”

Anos depois, quando voltei ao jornalismo encontrei – e ainda encontro – absurdos, tanto em textos como em ilustrações e fotografias retocadas com photoshop.

No jornalismo impresso da “minha época” havia o revisor e, além disso, todos os jornalistas sabiam escrever. Hoje, apenas com revisor ortográfico, que é burro, o “jornalismo eletrônico”, em grande parte, se não ficou pior, é no mínimo engraçadíssimo.

Hoje só há “suspeito” e o verbo é sempre “teria”, “seria”, e assim por diante, sempre no condicional (ou futuro do pretérito). Assim leio com frequência que “Zé matou a mulher com sete facadas. O suspeito encontra-se foragido.” Se quem mata, com uma ou sete facadas, é considerado pela imprensa apenas suspeito, o que ela deve considerar ser um assassino?

E há construções como “sorriso no rosto”, ( O Papa Francisco manteve sempre um sorriso no rosto). Pela hóstia! Em que outro lugar um Papa pode manter seu sorriso?;“hemorragia de sangue” (a vítima “entrou em óbito” devido a forte hemorragia de sangue; “encarar de frente” ( é preciso encarar de frente esse grave problema); ”caminhar a pé”( a greve no metrô fez milhares de pessoas caminharem a pé...). E leio diariamente coisas como pênis masculino, próstata do homem, útero feminino, na minha opinião pessoal, alma humana e me oferecem "brindes inteiramente grátis".

A língua portuguesa é viva e ainda está aturando modificações e recebendo influências estrangeiras. Palavras novas vão sendo a ela incorporadas naturalmente. Deletar, plugar,tuitar, chegaram pra ficar acompanhando as horrorosas “diferenciado”, "apequenou-se", "pífio" e “quadros” ( Zé é um dos melhores quadros do PT) e parágrafos inteiros e não raro discursos, de cabo a rabo, expelidos como esse de Dilma em Fortaleza.

“Eu queria iniciar comprimentando aqui todos os presentes, comprimentando a mulher cearense, os companheiros homens e dizer do meu imenso prazer de tá aqui, mais uma vez, no Ceará. [...] O Nordeste e a seca são um problema. Jamais houve uma atitude correta em relação a essa situação ao longo dus…dus…dus anos sobre essa situação, que é a questão da existência dum fenômeno climático nessa região do país. [...] E de um lado é um desafio e de outro, é um direito do cidadão que aqui veio, aqui povoou e aqui… não só fez tudo isso, mas inaugurou o Brasil. Num vamos esquecê aonde o Brasil cumeçô. [...] Por isso, nós todos sabemos que hoje todo mundo olha pra essa região e num vê mais o chamado primo pobre da nação”.

Primeiro que “comprimento” indica distância, tamanho e “cumprimento” é saudação. Segundo - pelo menos até que o MEC decida o contrário, sabe-se lá - o Brasil começou na Bahia, em Cabrália. E terceiro que a região nordeste continua sendo o primo paupérrimo da nação.

Mas o que me conforta é que esse não é o português falado no Brasil. É apenas um tronco (que no Ceará também significa bebedeira) de dilmês tardio pré-cabraliano.

Empolgada com a vitória do Galo na “Libertadores da América”, a presidente estuprou a flor do Lácio de vereda: “O Brasil acordou alvinegro com o título do meu querido Clube Atlético Mineiro de campeão da Taça Libertadores. Aprendi a gostar de futebol indo, ainda criança, ao estádio do Mineirão assistir aos jogos do Atlético. Parabéns aos jogadores, à comissão técnica e a nossa torcida, que conquistou a admiração de todos os brasileiros. Parabéns não apenas pela vitória. Parabéns por, mesmo diante de um resultado adverso, não desistirem, não esmorecerem e, por isso mesmo, se superarem”.

Dilma Rousseff nasceu em 1947, e o Mineirão foi inaugurado em 1965. Se é que ela foi mesmo ao Mineirão, já não era mais uma criança. A atual “presidenta” já era uma “militanta adolescenta”. Realmente, o que mais chama atenção, é saber que alguém teve a ideia, escreveu o texto torto – e às vezes mentiroso - montou a produção, dezenas aprovaram e não se importaram com o resultado. Não parece piada. É a pura verdade.

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 30/07/2013
Reeditado em 28/08/2013
Código do texto: T4412192
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