Boneca inflável

Envergonhou meu corpo e você sabe disso,

Me fez inferir a tudo que conheço de bonito

Foi capaz de me maltratar tanto,

Que hoje não gosto do meu reflexo no espelho

Foi um pesadelo sem final

Um dia você se faz de pura,

No outro acorda suja

Com marcas pelo corpo e alma

Você pensa que sou boneca inflável

Um brinquedo que se usa e se cansa,

Algo que não tem nome bonito

Por isso se tornou feio

Homens pensam que podem fazer o que querem

Com uma mulher e uma garota indefesa

Acham que não vai ter consequências,

E pra eles não tem

Só que a carne é minha

Os sentidos são meus

A dor é a minha e a do meu órgão sexual

Do meu tempo que não passa assim fácil

Você pensa que acordei agora, e foi

Quando se é tão frágil e indefeso

Não se tem noções básicas de sobrevivência na selva

Tudo que se quer é liberdade do seu ego e corpo

Não tinha como negar,

Não queria mais viver em prol disso

Foram muitos anos de dor e falta de voz

Foram momentos em frente ao portão, você se lembra?

Pode até ter esquecido,

Porém eu tenho memória fresca

Foi o pior momento da minha vida

Da falta de atitude de quem me guardava

Não tenho como esquecer que me machucou

Não tenho como apagar o que me fez cair

Não tenho como deixar os medos afastados

Foi você quem me construiu assim

Vocês homens tratam mulheres como pães

Dos quais não ligam pra que fazem delas

Não tenho vontade de ser um objeto de prazeres

Isso continua me dando bastante nojo

Acredito que ainda há muito pra se fazer,

Não discordo de isso um dia mudar

Só que enquanto não me ver e ver minha carne com respeito,

Ainda vamos ter muitas mulheres e meninas com a alma pra ser lavada.

Naty Silva
Enviado por Naty Silva em 30/07/2013
Código do texto: T4411953
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.