MENTE, MENTE, MENTE...
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Nossas instituições não costumam fazer uma autoavaliação realista. E o povo é levado acreditar na propaganda oficial, mesmo quando essa tape o sol com peneira. Tem-se a impressão de que vivemos num paraíso. Me engana que eu gosto... Por falar em paraíso, no princípio era a palavra e, com a palavra, já o sofisma, o engodo, as evasivas. A história do Gênesis é conhecida. Primeiro, Adão, envergonhado, esconde-se com Eva no meio das árvores do paraíso. Deus tinha posto preceito que não comessem da árvore vedada, na versão do P. Antônio Vieira. Localizado, Adão admite, perante Deus, ter provado do fruto proibido, mas culpa a mulher. Eva, por sua vez, culpa a serpente que, antes, alegara ser enganosa a ameaça feita pelo próprio Deus, pois seriam ambos, Adão e Eva, como Deus... Eis aí o primeiro jogo de empurra da história, ato que consiste em atribuir alguém uma responsabilidade a outrem que, por sua vez, a atribui a um terceiro, e assim por diante.
Nossos juízes têm esta experiência: primeiro, o indiciado nega o crime ou diz não saber de nada; depois, diante do flagrante apresentado ou de provas robustas, incontestáveis, tenta justificar-se com argumentos psicológicos de autodefesa, como este: – Quem no meu lugar não teria feito o mesmo?
Isso quando o culpado não acaba sendo o mordomo ou o caseiro...
Em suas “Especulações em torno da palavra homem”, Carlos Drummond de Andrade pergunta: ”Por que mente o homem? Mente mente mente desesperadamente? Por que não se cala se a mentira fala, em tudo que sente?” Observe-se que, no tempo de Drummond, a palavra homem podia significar homem e mulher... Parodiando, a gente poderia perguntar também:
– Por que os governos mentem, mentem, mentem, desesperadamente, quando tá na cara que o por fazer representa muito mais do que o já feito, quando não malfeito? Sempre que se faz uma denúncia, lá vêm as justificativas. Acho que melhor do que Freud, Maquiavel explica...