MISCELÂNEA DO SENTIR

Estou confusa, perplexa, impaciente, querendo achar, dentro destes tempos, uma conclusão para estes mesmos tempos. E continuo perdida!

Esta semana vi jovens, aos milhares, se unirem no amor e solidariedade ao próximo. Vi cantorias. Vi unidade. E o meu coração se sentiu agasalhado pelo amor que todos emanavam.

Não sou a favor da Instituição/País Vaticano. Vejo, assim como a maioria das pessoas, muitos erros lá cometidos em nome da religião, o excesso de bens e ouro, mas não posso negar o bem que o Papa Francisco, em tão pouco tempo, fez a população mundial.

E eu me incluo nisso... Andando no fim de semana no Centro Velho de São Paulo, pude notar o semblante das pessoas. Parecia um outro tempo, uma outra realidade. O caos normalmente encontrado em São Paulo não estava presente. As pessoas andavam com passos mais lentos, com olhares mais distantes, sem aquele medo do transeunte ao lado. Era como se elas estivessem vestidas de esperanças no amanhã!

Claro que havia muitos mendigos nas ruas. Não estou falando de uma cidade mudada em sua estrutura e problemas e sim em energia. Porem esses mendigos estavam sentados aos grupos, sentados em cobertores simples, voltados ao seu mundo, não interferindo com os que passavam, não intimidando as pessoas, como normalmente fazem.

Certo que viemos de uma semana muito fria, chuvosa e que no fim de semana o tempo nos agraciou com a presença do sol! Mas, notadamente, não era somente isso! Algo mais pairava no ar. Uma energia doce, calma, contagiante.

Ao sair da região central e ir em direção à Avenida Paulista, durante o percurso todo, me deparei com muitas ciclovias, todas elas tomadas por bicicletas de todo tipo e cor.

Mas a que me chamou atenção, mesmo, foi a ciclovia da Paulista. Imponente, bem organizada e sinalizada, ela sempre foi muito utilizada por jovens. Só que esses jovens, em sua maioria, é “isolado” dos outros por seus fones de ouvido, suas tecnologias que os levam a um mundo próprio. Dessa vez, vi uma interação entre eles, famílias “bicicletando” unidas, pessoas seguindo com seus cães, sempre interagindo.

Fui tomada por essa energia doce e me vi acreditando no futuro!

Acreditando que nem todos nossos jovens estão perdidos na violência, nas drogas, na fuga da escola em prol dos bailes funks.

Será que devemos isso ao Papa? Será que a mídia só estava nos vendendo o lado negativo das coisas, mostrando uma realidade pesada, que não corresponde ao real de nossa sociedade? Será que, eu me dei o direito de olhar o mundo com outros olhos e então pude ver uma nova realidade?

E nesse meu passeio, olhei para o outro lado da ciclovia, para ver a selva de pedra da Avenida Paulista, tão imponente, transpirando a riqueza, tecnologia, primeiro mundo! E levei um choque!

Percebi que os prédios dos grandes bancos, as instituições financeiras estavam todos com tapumes, telas de proteção, seguranças. E como que caindo na realidade, lembrei que na sexta feira à noite essas instituições foram saqueadas, destruídas por jovens vândalos insatisfeitos com o sistema.

Não! Não posso me deixar abalar por uma minoria! Temos algo maior acontecendo. Quero voltar a minha atenção àqueles jovens que estão trabalhando o amor e a solidariedade no Rio de Janeiro, junto a jovens do mudo inteiro.

E me deparo com outro pequeno grupo, infiltrado dentro dessa festa de paz, nus. Entre crianças, famílias, idosos... E cobrindo suas partes intimas com símbolos católicos, numa total afronta ao evento, ao direito de crença dos demais, ao decoro público.

Não sei mais em quê acreditar. Não sei se tenho forças pra ter fé no futuro. Não sei mais separar o joio do trigo. Estou perdida, numa miscelânea de sentir!

E, discutindo esse assunto em redes sociais, ouvi uma conhecida dizer que quem faz caridade está é querendo algo em troca. Que deviam fazer da caridade uma profissão e citou dos doutores do riso. Não estamos falando de caridade e sim de solidariedade. Solidariedade não é caridade. E caridade não é somente dar algo físico. Podemos exercê-la ouvindo alguém que não tem com quem conversar dando o ombro para que possa desabafar.

Só que não estou querendo parecer santa, ou dar lição de moral. Estou perdida entre conceitos que aprendi e levo ao meu dia a dia em contrapartida com aqueles que me deparo ao ler noticias ou conversar com terceiros.

Depois de tantos anos de vida, ainda tenho que aprender a sentir, amar, solidarizar, pois sei da satisfação e alegria que isso dá ao meu coração. Preciso aprender a ignorar, isolar pessoas negativistas, vitimistas, centradas em seus umbigos (nem sempre limpos e isentos de culpa).

Enquanto não aprendo, ainda me sinto perdida...

Santo André, 29.07.13 – 17h36m

Enloucrescida
Enviado por Enloucrescida em 29/07/2013
Código do texto: T4410282
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.