Amar, remar, re-amar
Eu descobri, em meados dessa vida, qual é o câncer do mundo; o grande mal de toda a hipocrisia que nos aproxima, a cada dia mais, do caos. Descobri, observando ações e expectativas de muito Ser Humano. E hoje concluí que a maioria das pessoas não sabe diferenciar o amor da vaidade, e sobrepõem a mentira em suas vidas, mentem a qualquer alma, e não descobriram ainda que mentir para si mesmo é sempre a pior mentira, como dizia o poeta.
Perguntei a um apaixonado velho bardo sobre os teus sentimentos do mundo. Ele disse, olhando em meus olhos, que todos deveriam aprender a amar como em sua época. Todos que hoje vivem aqui deveriam saber que o amor é muito mais do que simples abraços e palavras de carinho, o amor é a consequência de outros símbolos de uma vida correta, como o respeito, a admiração, a paciência e a inteligência.
Disse ele que as pessoas, em toda essa estação, não conseguem amar, e nem se preocupam em aprender essa dádiva. E isso é um dos desprazeres desse mundo, e deveria ser o motivo de uma manifestação plausível pelas ruas. Deve-se aprender a remar contra o desamor.
Depois de ouvir com calma as palavras daquele Senhor paciente, admirável e inteligente, eu descobri qual é o mal desse universo: a falta de todos os símbolos que os nossos antepassados cultivaram, e que agora são deixados de lado.
As pessoas devem aprender a dar a volta por cima, e a não viverem presas no seu passado, é preciso criar um novo futuro. Deve-se aprender a re-amar, e para isso, é preciso superar os males, e conviver com a derrota. Para re-amar é preciso descobrir que a vida não é feita apenas de conquistas, e chorar é uma glória.
Ainda leio livros e acompanho histórias de últimos romances, e me alimento de poesias escritas por Drummond. Ainda ouço a canção da moda de 80, que tocava nos rádios de pilha frases de Renato e outros ícones sonhadores daquela geração. Eu ainda acredito que sou o começo da mudança, para que um dia o mundo seja feito apenas de amor.
"Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria."
Kallil Dib
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