Crônica de sem-amor

Ela não veio.

Soube disso apenas após esperar duas horas sentado em um banco simples de madeira, no parque, perto do lago, onde alguns cisnes nadavam. Um senhor de meia idade passou, fazendo cooper, um menino andando de skate e uma menininha pequena com uma rosa na mão, saltitando.

O que fazer? Ir embora era o que tinha sobrado. Deixei as flores no banco de madeira, talvez alguém gostaria de tê-las. E, com a mão no bolso, fui embora. Em passos lentos, a cada metro imaginando como teria sido se ela tivesse vindo, se seria diferente, se haveria um futuro, se haveria uma chance.

E por que ela não veio? Talvez ela nunca tivesse desejado aquilo. Ou tinha arranjado outro. Ou, simplesmente, não quis vir. O que importava é que ela não tinha vindo.

Quando alcancei a entrada, dei uma última olhada para trás, como uma despedida ou um último fio de esperança. E caminhei. Horas mais tarde, soube que sofrera um acidente de carro.

Morrera na hora.

Ela não veio.

Ela morreu.

E com ela, morreu o amor e toda a esperança.

Fernando Lancaster
Enviado por Fernando Lancaster em 28/07/2013
Reeditado em 28/07/2013
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