Espinhos

Conheci um recruta que certa noite no posto de sentinela,

viu um bichinho muito bonito e delicado saindo do mato.

Era já madrugada e estava frio, tirando a jaqueta, como forma de se proteger,lançou-se sobre o animal, abraçando-o protegido pela jaqueta.

Foi quando sentiu muitas dores e imediatamente largou tudo,

Mesmo assim sentiu-se como se o animal ainda estivesse lá, grudado,

sacudiu então os braços e a dor continuava, foi quando olhou,

e viu o bicho entrando de volta no mato, notou tratar-se de um ouriço.

As dores continuaram por dias, e também os espinhos, nas pernas nos braços, mãos.

Ficou para mim a lição de que muitas vezes ao tentarmos abraçar

o que nos atrai, por beleza, ou qualquer outra razão que nos fascine, somos surpreendidos pela decepção de amargar as dores causadas pelos espinhos do desprezo,da antipatia, da incompreensão, pelo fato de que se há o interesse por nossa parte de abraçar, há o interesse do outro em não querer ser abraçado.

Mesmo assim dói muito, e por muito tempo, que aliás, diga-se: só o tempo mesmo para remover todos os espinhos e as feridas por eles causadas.

Aquele recruta nunca mais abraçou ninguém sem antes identificar de quem e de quê se trata.

E eu também quero por em prática esta mesma atitude dele, espinhos doem demais.

A Carlos Borges e ALVB
Enviado por A Carlos Borges em 28/07/2013
Reeditado em 28/07/2013
Código do texto: T4407907
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