Minha amiga Agonia

Sabe quando a gente é menor, tá com muita fome, engole um pedaço gigantesco da nossa comida favorita de uma vez e aquilo fica entalado na sua garganta, dificultando sua respiração e você começa a sentir que seu olho já tá cheio de lágrimas? É mais ou menos assim que me sinto, só que com uma ligeira diferença: não posso fazer nada para essa bola na garganta sair dali e ela meio que vira sua amiga, entende? Precisa aprender a conviver, afinal ela vai te acompanhar aonde você for. Eu dei para o nome de Agonia.

Agonia curte muito seu trabalho de atrapalhar minha respiração, mas tem outras ambições: agora deu de atar nós que chegam até meus pulmões, essa espaçosa louca.

Já contei que Agonia curte ser conselheira? Risos, ela deve ser a pior coisa para se fazer isso na face da terra. Tudo que diz é: "ele não te quer", "você é um idiota apaixonado", "nunca conseguirá aprender essa matéria", "abaixa a bola, lembra da merda que você é". Animador, não é?

Mas mesmo assim, considero-a uma companheira. Não importe quantas fórmulas os feiticeiros me deem para matá-la, o máximo que consigo é deixá-la adormecida durante algumas horas, com sorte dias. Quando ela acorda, fica brava e vem com força total.

Agora, encontrei uma bruxa que disse ter a solução, porém ela é demorada e não envolve nenhuma fórmula: parece que eu devo conversar com Agonia e convencê-la de desatar nó por nó e, depois, explicar porque ela não pode continuar aqui comigo. Não fomos feitos um para o outro, como ela pensa. Segundo a mirabolante técnica, isso pode demorar um pouco e talvez ainda precise de outras fórmulas para adormecer Agonia de vez em quando. Mas, o que custa tentar, não é? Só espero não sentir falta de Agonia.

DG
Enviado por DG em 26/07/2013
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