PAPA DE FUBÁ.
Por Carlos Sena.


 
Não morro de amores por “papas”, exceto minha papinha de cremogema que adoro. Gosto de papa de todo jeito. Prefiro a de milho (que a gente chamava no passado de fubá), mas gosto, como disse da de cremogema, principalmente com chocolate. Papa de aveia é boa, mas a veia de nordestino assumido não me faz preferi-la como as anteriores. Papa dá até piada. Gosto muito de uma piadinha de salão: “Sabe quem é a mãe da papa”? – A Mãe... Zena. Por isso hoje cedo me lembrei de comer uma papinha, mas me deu preguiça de fazê-la. Preferimos ver as noticias do Papa Chico. Como disse, não morro de amores por Papas, nem por bispos, nem por diáconos, nem por ninguém. Só morro de amores por mim, porque sou Deus em carne e osso. Por que não posso ser Deus? Do meu jeito eu sou, pois sou a “imagem e semelhança” do outro, o famoso, o dono do mundo que segundo nos diz a canção, não mora aqui porque esse mundo certamente não presta. Não acho. Esse mundo é bom. O que falta é todos se descobrirem a imagem e semelhança do “Pai” e agir como se ele fosse, ou seja, perdoando, amando, compreendendo e se colocando sempre no lugar do outro para não fazer com ele o que não queria que fizessem com você. Por isso sou mesmo meio Deus. Mas peco graças a ele, senão vivo não estaria. O tamanho do meu pecado é que são outros quinhentos, mas não abro mão (nem pés) de ser pecador. Às vezes pescador, não me perguntem de quê, mas sou. Pesco peixe? Pesco saberes? Pesco gente? Pesco? E peco também, graças a Deus. Por isso nesse divagar não sou lento, mas me lembro do Bento. Pense num Papa lento aquele Bento. Esse não. Esse Chico, como eu já disse dele outro dia é dez. Ele ri pra fora e o outro pra dentro. Sem querer a gente acaba fazendo um paralelo, embora o Chico nem mereça isso. Por isso, prefiro falar de Chico sem “papas na língua”. Um Papa lindo, risonho, simples e humilde. Não bastando ser ele “assim com o Homem” (os dedinhos indicadores juntos) o é também assim conosco.
Acho que o mundo merecia um Papa assim, iluminado. Esse nosso mundo tem andado na escuridão das drogas, da violência, da discriminação e carecia de luz para ver se os caminhos se clareiam. Santa Clara clareou? Espero que sim. Francisco, o nosso Chico, veio contrariar os caminhos da sua própria igreja que, durante alguns anos se afastou do povo e se meteu em encrencas de toda sorte. Como ele nos disse, “igreja não é fé” e a esperança não se deve perder nunca. Por isso a visita do Chico se converte de pompa e honraria merecidos. A corriola pentecostal fica amuada nos seus casulos, porque imaginava que a igreja católica fosse uma “pata morta”. O Papa mostrou que não. Chico nos disse sem dizer, mas apenas com seu semblante sincero que a Igreja Católica está mais viva do que se pensa. Demonstrou, certamente, que seu papel é a condução de uma fé libertadora, mas que se pode ser feliz na terra e alcançar a plenitude no céu. Que não seja o céu da boca.