CHEGUEI EM CASA

Ao abrir a porta, o cheiro de coisa nova, penetra em minhas narinas.
Já faz mais de um ano que esse endereço, tem nossas digitais, mas como fica fechado por meses, sem ser usado, ainda conserva o cheirinho de novo.
Coloco as malas junto à porta, e penso: cheguei em casa.
E ao dizer em silêncio essa frase, sorrio de satisfação comigo mesma. Gosto desse meu jeito de me adaptar com extrema facilidade ao novo. 

Enquanto percorro o espaço da porta até as enormes vidraças, sinto as vibrações de boas vindas me agasalharem a alma. É como se elas me dissessem: "seja bem vinda". E assim, me sinto, muito bem vinda. 
Desde o momento que o avião pousa na Big Apple, sinto-me em casa. Isso não me é difícil, pois, Nova Iorque, é uma bela cidade.
E tem o fato de que, há 9 anos, ela é o lar do meu filho. Faz algum tempo, ele tornou-se cidadão americano.
Fico feliz, ao vê-lo, tendo a mesma facilidade de adaptação que eu sempre tive. Gosto de sabê-lo cidadão de duas Pátrias, e com disposição para uma terceira ou décima, se assim a vida for lhe permitindo. 
Afinal, somos de fato, todos nós, cidadãos do universo.

No meu caso a adaptação ao novo, veio muito cedo. Aos 11 anos de idade, enfrentei uma repentina e dolorosa mudança, tive que me adaptar a um novo formato de família, pois perdi o meu núcleo. Com isso, tive também que mudar de cidade, de escola, de amigos. Enfim, começei com tão pouca idade, uma nova vida.
Mas, acho, que posso dizer que me sai bem, pois a vida continuou a me colocar à frente de muitas outras mudanças.
Quando me casei, fui morar em Brasilia, meu marido, trabalhava em uma multinacional, e foi promovido para ocupar um cargo, naquela cidade. Depois de três anos, voltamos, para São Paulo. Dois anos depois, nos mudamos para o Rio de Janeiro. 
Nessa época, vi algumas esposas de executivos da empresa, da qual meu marido fazia parte, não se adaptarem com facilidade as constantes mudanças. E realmente viverem dramas por isso.

Observo, que meu filho, não precisou passar pela orfandade que passei, para ser flexível as mudanças, e fico cismando se o que o ajudou a ser como é, não foi o fato de ver em nós, seus pais, pessoas bem maleáveis as mudanças.
Se cooperei de alguma maneira, para que meus filhos, se sintam seguros, para se adaptarem as novas situações, sinto-me feliz.
Afinal, a vida nos pede dinamismo, pois nada, absolutamente nada, no mundo, permanece estático, tudo segue se transformando, a impermanência é uma constante.
Hoje, aqui estou, amanhã, quem sabe? 
Por isso, busco me sentir muito bem, onde quer que, eu esteja.

(Imagem; Lenapena - East River)


Lenapena
Enviado por Lenapena em 25/07/2013
Reeditado em 25/07/2013
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