O PODER DE UM ABRAÇO

Já escrevi anteriormente que o professor é um ser que vive de migalhas... Contudo essa é uma das profissões mais gratificantes do mundo, se não a mais gratificante.

Sempre que vou à sala, visto uma carapaça blindada para se tornar insensível às reclamações, chatices, pirraças de alguns alunos. Apesar se ser considerado pelos alunos como extremamente exigente (para não dizer chato), não deixo de ser humano, talvez mais do que eles possam imaginar. Aprendi blindar minhas emoções, não as deixando transparecer, por uma questão de ética profissional.

Em Agosto do ano passado (2012), portanto há quase um ano, duas garotinhas do sétimo ano tiveram a capacidade de despir-me dessa blindagem, e expor minhas emoções...

Como era véspera dos dias dos pais, aproveitei para passar belo sermão (Salmão da Montanha, como disse a eles), depois de falar muito sobre a importância dos filhos respeitarem os pais, bateu o sinal para o intervalo e deixei a sala pisando duro e confiante de ter cumprido bem o meu papel. Ainda no corredor fui surpreendido por duas aluninhas que vinham correndo e gritando meu nome sendo alcançado no pátio da escola. Ambas chegaram um pouco ofegante e olhando-me nos olhos, uma delas pediu:

--- Professor posso te dar um abraço?

Surpreso respondi:

--- Claro. Do alto dos meus 1,75 reclinei-me e recebi o abraço enquanto ela completou: --- Eu não tenho pai, então quero te dar esse abraço...

O mesmo disse-me a outra aluninha.

Recebi os abraços com um arrepio a percorrer-me o corpo e enquanto elas saiam correndo de volta a sala como qualquer criança, segui para a sala dos professores com lágrimas queimando nos canto dos olhos. Foi uma experiência maravilhosa. Acho que fiquei mais humano, não por aquilo que aquele abraço significou para mim, mas pelo que significou para elas. Salvaram meu dia, minha semana, meu ano.

Estela e Daniela (Sorriso metálico) Obrigado por aquele abraço de quase um ano atrás.

Eternas felicidades, desejo do prof. Edson Cavalari