O KAOL DO PALHARES
Belo Horizonte/MG, considerada por todos como a “capital dos botecos”, ostenta no mesmo lugar desde 1938, aos setenta e cinco anos, portanto, na Rua dos Tupinambás esquina com a Avenida Afonso Pena, bem no coração da cidade, a uma quadra da Praça Sete de Setembro, o famoso “Café Palhares”, o rei da comida de boteco.
Ganhador por diversas vezes do “Festival da Comida de Botecos”, evento realizado anualmente em Belô, o “Café Palhares” é um pequeno local onde antigamente se encontravam os notívagos famosos, músicos e artistas, para comer e beber um chope gelado. Entre seus freqüentadores mais notáveis figuraram o Presidente Juscelino Kubitschek, por exemplo e o músico Milton Nascimento.
O seu prato mais solicitado é o famoso “KAOL”, composto de um tipo de carne, arroz branco soltinho, couve, ovo, lingüiça, farofa e um suculento molho de tomate. Ao invés da lingüiça, o cidadão pode pedir dobradinha, pernil ou língua de boi no seu lugar. Essa refeição custa hoje R$12,00 (doze reais), o freguês come muito bem e é atendido com distinção.
Tem gente que come e pede depois um “chapéu”, que é tudo isso dentro de um “marmitex” , a fim de levar para casa ou, se preferir, um “boné”, que é aquele “marmitex” de tamanho reduzido, pela metade do preço.
O espaço é reduzido, o balcão é de formato em “U”, tem uns oito ou dez tamboretes altos, fixos ao solo, de um lado e outros tantos do outro lado, as atendentes são simpaticíssimas, muito asseadas e o “caixa” é controlado pelo dono do boteco, claro. Dependendo da hora, tem fila de espera na calçada.
Sujeitos como eu, na idade dos “enta”, costumam fazer um certo regime alimentar, para controlar o colesterol e a glicose. Mas, de quando em vez, chutam o pau da barraca ou metem o pé na jaca, indo à forra no “Café Palhares” (meu finado pai, Constantino Rêgo, trabalhador de dia e músico à noite, era um dos freqüentadores do café). Pois foi exatamente isso o que fiz hoje, no almoço, matando a saudade da comidinha do “Palhares”. Fui resolver umas coisas no centro e passei por lá a fim de regalar-me com o velho e bom “KAOL”. Como diria o mineirinho do interior:-
“- Trem bão dimais da conta, sô! ...”
-o-o-o-o-o-
B.Hte., 23/07/13