CONFIDÊNCIAS

Apesar de alquebrado pelo decurso do senhor Tempo, com superveniência a maior do lado intelectual, me agrada ficar enroscado com o feminino – que é o naipe de gênero que me agrada. Todavia, percebo que estou cada vez mais exigente quanto à estética feminina. Gosto do que, talvez, nem possa comer sem me engasgar. Somente os olhos, que morrem de cisma... Ou o efeito da lembrança do vício socialmente tolerável e assíduo até 1997, o tabagismo. A cigarrilha de ponteira de canela, que depois de quase duas décadas de abstinência, ainda enche-me a boca do gozo benfazejo de então, memorial e prazeroso: café e tabaco; vinho e tabaco. Ou um doce caseiro de minha Pelotas, que hoje diabético, também não posso deglutir, mas que me agrada e salivo até ficar de boca molhada, curtindo o delicioso no palatino. Ah! Estamos em plena invernia, e, por sinal, está na hora de ir pra baixo das cobertas e sonhar com o dia seguinte e suas musas, que limpam a tristeza de meus olhos sem cegueiras hipócritas...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

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