OS URUBUS TAMBÉM FESTEJAM

Fico impressionado com o respeito que os nossos governos têm ao meio ambiente. As matas são preservadas, os animais são protegidos, as aves vivem fora das gaiolas e perto dos seres humanos. Em Pastos Bons, meu amigo leitor, não é diferente. Há uma imensa mata de bacuri, uma enorme mata de pequi, uma imensidão de pés de fava d’anta nesse município. Tudo está muito bom. Tudo está perfeito. Só eu que preciso mudar a minha maneira de ver o mundo e as pessoas. Não tenho “diplomacia”, “habilidade” para me relacionar com o Legislativo. Ouvi isso indiretamente. Entendi. Na verdade, não tenho “diplomacia”, “habilidade” para lidar com o diferente. Sou um sujeito polêmico e de difícil convivência social. Tenho que mudar para que, quem deseja, possa me ajudar. Eu “ia crescer”, não quis. O crescimento não demoraria muito.

É tempo do Festejo de São Bento. Vários filhos de Pastos Bons vêm participar desse grande e tradicional Festejo. A festa é bonita! O povo celebra a vida, a fé, o amor, a esperança em dias melhores para todos. As relações humanas são, de fato, harmoniosas. No Festejo, todo mundo quer apenas festejar e colaborar para o bom andamento dessa grande festa. Ninguém manifesta o desejo de apenas aparecer. Os capitães do mastro são sempre pessoas de uma grande fé religiosa e de uma ativa participação na vida da comunidade. Tudo é como se deseja que seja.

Como eu disse no início, as aves vivem fora das gaiolas e perto dos seres humanos. Destaco o fato de as aves estarem próximas de nós, visto que desejo realçar a presença dos urubus no Festejo de São Bento este ano. Eu não sei se eles já participavam, pois eu não observei isso nos anos anteriores. Não posso afirmar. No entanto, suponho que sim.

Que fique claro: eu estou referindo-me, com efeito, às aves urubus, não estou falando em sentido figurado. Explico-me! É que, para quem deseja, pode ver a presença dos urubus por trás do polo da UEMA de Pastos Bons. Eles gostam dos restos de carne que são jogados naquela área. Os urubus também festejam. Eles também merecem festejar. Merecem estar perto dos humanos.

Engraçado: consultei o dicionário e vi que a própria definição para urubu já mostra que urubu simboliza a existência de um ambiente saudável. Os urubus procuram os lugares mais limpos e salutares.

Diante disso, eu fico admirando mais ainda o amor que algumas pessoas têm às aves, à natureza. Os urubus mostram que o amor à natureza é tão grande que eles são até aceitos próximos de nós, seres humanos.

Essas aves de rapina fazem companhia diária para os estudantes da UEMA de Pastos Bons. Eu, ingenuamente, desejei retirá-los de lá. A minha sugestão, porém, não foi aceita. Precisa-se de uma consulta a alguém da lei para saber se é correto que a Prefeitura envie um ofício para que os urubus não sejam mais alimentados por carne naquele ambiente e, assim, saiam de lá. Eu não sabia disso. Alguém precisa fazer uma consulta a um amigo que trabalha com a lei. Eu não entendo nada disso. Não entendo nada de lei. Desconheço até os meus direitos e deveres. Será que eu posso dizer o que estou dizendo?

Eu, na verdade, sou um homem preconceituoso, injusto, não gosto de urubus convivendo com humanos. Para falar a verdade, estou errado ao querer que aquele estabelecimento dê outro destino para os restos de carne, para os ossos que não servem para venda. A minha atitude seria radical: sugerir, delicadamente, que aquele estabelecimento continue realizando o mesmo trabalho (cortando carne), porém, dando outro destino para os restos de carne e fazendo uma limpeza daquela área que se encontra com ossos ou restos de carne. Aquele ambiente é baixo: a água, além dos outros aspectos já mencionados, arrasta os ossos e restos de carne para locais que eu desconheço. Parece-me que, por lá, passava um rio, um riacho... Não sei. Não sei de nada. Sou intruso que não sabe o que está dizendo. Um intruso e enganador que tem o poder de brincar com as palavras. Nada mais.

Eu não sei por que eu sempre desejo aquilo que não pode ser feito, parafraseando a canção “carpinteiro do universo”, composta e cantada por Raul Seixas e Marcelo Nova. Na verdade, a solução para isso trará um grande gasto para o município de Pastos Bons. A despesa será muito grande.

Finalizo, pois, esta crônica dizendo que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a Secretaria Municipal de Administração de Pastos Bons vêm realizando um trabalho digno de aplauso e de notoriedade. Tudo em nome de um ambiente ecologicamente saudável.

Quando estiverem elaborando o Plano Municipal de Saneamento Básico de Pastos Bons, os urubus merecem ser inseridos nele. Essas aves, pelo próprio significado que têm, gostam de ambientes saudáveis, e os humanos precisam aprender a conviver com elas. Sinceramente, esse é o único significado que eu mostro corretamente.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 17/07/2013
Reeditado em 17/07/2013
Código do texto: T4391375
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