De quem é a culpa?
Ontem, assistindo a um noticiário na tevê, vi uma matéria (mais uma) sobre corrupção. Dessa vez, tratava-se da prisão de um grupo de policiais do DENARC (Departamento de Repressão ao Narcotráfico) de São Paulo, por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. A operação foi o resultado de uma investigação iniciada em outubro do ano passado e aponta que os policiais vendiam informações às quadrilhas e que, por esse “serviço”, recebiam valores entre 200 a 300 mil reais por ano. Propina da grossa.
Novidade? Não. Não é de hoje que todos nós sabemos que a corrupção não é “privilégio” apenas de políticos. Ela está presente nos mais diversos meios da nossa sociedade, principalmente em instituições públicas. Mas, em se tratando de polícia, isso assusta, preocupa, deixa-nos com uma sensação de abandono. Afinal, quem deveria zelar por nossa segurança e nos proteger dos bandidos, associa-se a eles.
O que mais me impressionou nesse episódio foi o fato de os policiais pertencerem justamente ao DENARC, ou seja, ao departamento especializado em reprimir e combater o tráfico de drogas.
Nós temos o hábito de olhar só um lado das questões. Nesse caso, por exemplo, olhamos só o lado de quem praticou o delito. Julgamos e condenamos os traficantes e a quem a eles se associaram: os policiais. São culpados? Claro que sim. Entretanto, há outros, os que estão na outra ponta: os usuários de drogas.
Vejo muita gente chocada com a violência que toma conta principalmente das grandes cidades. Ouço muitas pessoas dizerem que são a favor da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, uma vez que muitos casos de homicídios, assaltos, latrocínios e sequestros, são praticados por adolescentes. Escuto os mais acirrados debates sobre a falta de segurança pública ou ao mau preparo da polícia. O que me deixa indignada é que muitas das pessoas que aderem ao discurso da não-violência, da redução da maioridade penal, da questão da segurança, não abrem mão de fumar o seu cigarrinho de maconha, de dar a sua cheirada numa carreirinha de pó, de ingerir seus comprimidinhos de esctasy e outras porcarias, como se não tivessem nada a ver com isso. Agem como se o seu prazer e a sua diversão não fizessem mal a ninguém. O usuário de drogas, seja em que grau se enquadre, também é responsável, sim. Aí está o cerne da questão: só existe o traficante porque existe o usuário. Se o tráfico de drogas movimenta milhões de dólares por ano no mundo inteiro, é porque milhões de pessoas as estão comprando e consumindo. E, por trás dessa atividade existem outras, tão ilícitas e rentáveis quanto: contrabando de armas, tráfico de pessoas, trabalho escravo, prostituição, sonegação, etc.
O dependente químico é um doente? Sim, é um doente. Mas no começo não era. Há muitos motivos que levam uma pessoa a experimentar droga: por brincadeira, diversão, curiosidade, necessidade de autoafirmação perante o seu grupo, problemas existenciais, questões psicoemocionais, enfim por muitas razões. Porém, em quase todas as vezes, ela sabe o que está fazendo, sabe que está lidando com algo proibido e perigoso e sabe, principalmente, que isso pode gerar muitas consequências ruins. Aí vem a pergunta: por que usar se ela sabe de tudo isso?
É verdade que nem todas as pessoas que experimentam drogas se tornam dependentes. Há diversos fatores que podem influir na dependência, inclusive, a pré-disposição genética. E ninguém se conhece a ponto de saber se é um dependente em potencial, então pra quê arriscar? Há tantas maneiras de obter prazer sem, necessariamente, ter que usar drogas.
Reconheço que a questão é muito complexa e que uma crônica de menos de duas páginas não dê conta do assunto, mas não poderia me silenciar diante da notícia de ontem envolvendo os policiais do DENARC-SP. Esse foi um caso que veio a público, mas quantos outros estão acontecendo e que não foram descobertos? É o poder corruptível do dinheiro, principalmente do dinheiro do tráfico, que compra a dignidade das pessoas, que desmoraliza as instituições, que dissemina a degradação social, que aniquila os sonhos de tantos jovens, que origina tragédias e destrói famílias.
E você, que dá seu tapinha num baseado, que vai à uma Boca comprar sua trouxinha ou a sua pedra, ainda acha que não tem nenhuma responsabilidade? Ponha a mão na consciência, faça mea culpa, reconheça que está errado. Você acha que vale a pena colocar sua saúde e sua liberdade em risco por causa do prazer desnecessário e dispensável do uso de drogas? Você acha justo continuar enriquecendo os chefões do crime organizado e contribuindo para o aumento da criminalidade?
A vida é sua, faça dela o que quiser, mas depois não me venha com esse papo de que é contra a violência e a corrupção. A culpa também é sua.
Ontem, assistindo a um noticiário na tevê, vi uma matéria (mais uma) sobre corrupção. Dessa vez, tratava-se da prisão de um grupo de policiais do DENARC (Departamento de Repressão ao Narcotráfico) de São Paulo, por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. A operação foi o resultado de uma investigação iniciada em outubro do ano passado e aponta que os policiais vendiam informações às quadrilhas e que, por esse “serviço”, recebiam valores entre 200 a 300 mil reais por ano. Propina da grossa.
Novidade? Não. Não é de hoje que todos nós sabemos que a corrupção não é “privilégio” apenas de políticos. Ela está presente nos mais diversos meios da nossa sociedade, principalmente em instituições públicas. Mas, em se tratando de polícia, isso assusta, preocupa, deixa-nos com uma sensação de abandono. Afinal, quem deveria zelar por nossa segurança e nos proteger dos bandidos, associa-se a eles.
O que mais me impressionou nesse episódio foi o fato de os policiais pertencerem justamente ao DENARC, ou seja, ao departamento especializado em reprimir e combater o tráfico de drogas.
Nós temos o hábito de olhar só um lado das questões. Nesse caso, por exemplo, olhamos só o lado de quem praticou o delito. Julgamos e condenamos os traficantes e a quem a eles se associaram: os policiais. São culpados? Claro que sim. Entretanto, há outros, os que estão na outra ponta: os usuários de drogas.
Vejo muita gente chocada com a violência que toma conta principalmente das grandes cidades. Ouço muitas pessoas dizerem que são a favor da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, uma vez que muitos casos de homicídios, assaltos, latrocínios e sequestros, são praticados por adolescentes. Escuto os mais acirrados debates sobre a falta de segurança pública ou ao mau preparo da polícia. O que me deixa indignada é que muitas das pessoas que aderem ao discurso da não-violência, da redução da maioridade penal, da questão da segurança, não abrem mão de fumar o seu cigarrinho de maconha, de dar a sua cheirada numa carreirinha de pó, de ingerir seus comprimidinhos de esctasy e outras porcarias, como se não tivessem nada a ver com isso. Agem como se o seu prazer e a sua diversão não fizessem mal a ninguém. O usuário de drogas, seja em que grau se enquadre, também é responsável, sim. Aí está o cerne da questão: só existe o traficante porque existe o usuário. Se o tráfico de drogas movimenta milhões de dólares por ano no mundo inteiro, é porque milhões de pessoas as estão comprando e consumindo. E, por trás dessa atividade existem outras, tão ilícitas e rentáveis quanto: contrabando de armas, tráfico de pessoas, trabalho escravo, prostituição, sonegação, etc.
O dependente químico é um doente? Sim, é um doente. Mas no começo não era. Há muitos motivos que levam uma pessoa a experimentar droga: por brincadeira, diversão, curiosidade, necessidade de autoafirmação perante o seu grupo, problemas existenciais, questões psicoemocionais, enfim por muitas razões. Porém, em quase todas as vezes, ela sabe o que está fazendo, sabe que está lidando com algo proibido e perigoso e sabe, principalmente, que isso pode gerar muitas consequências ruins. Aí vem a pergunta: por que usar se ela sabe de tudo isso?
É verdade que nem todas as pessoas que experimentam drogas se tornam dependentes. Há diversos fatores que podem influir na dependência, inclusive, a pré-disposição genética. E ninguém se conhece a ponto de saber se é um dependente em potencial, então pra quê arriscar? Há tantas maneiras de obter prazer sem, necessariamente, ter que usar drogas.
Reconheço que a questão é muito complexa e que uma crônica de menos de duas páginas não dê conta do assunto, mas não poderia me silenciar diante da notícia de ontem envolvendo os policiais do DENARC-SP. Esse foi um caso que veio a público, mas quantos outros estão acontecendo e que não foram descobertos? É o poder corruptível do dinheiro, principalmente do dinheiro do tráfico, que compra a dignidade das pessoas, que desmoraliza as instituições, que dissemina a degradação social, que aniquila os sonhos de tantos jovens, que origina tragédias e destrói famílias.
E você, que dá seu tapinha num baseado, que vai à uma Boca comprar sua trouxinha ou a sua pedra, ainda acha que não tem nenhuma responsabilidade? Ponha a mão na consciência, faça mea culpa, reconheça que está errado. Você acha que vale a pena colocar sua saúde e sua liberdade em risco por causa do prazer desnecessário e dispensável do uso de drogas? Você acha justo continuar enriquecendo os chefões do crime organizado e contribuindo para o aumento da criminalidade?
A vida é sua, faça dela o que quiser, mas depois não me venha com esse papo de que é contra a violência e a corrupção. A culpa também é sua.