Tratamento Cidadão
Richard, 35(trinta e cinco) anos, trabalhador do Distrito de Bailique, pai de cinco filhos saiu de casa cedo e foi ao ofício.Um pedreiro, um encanador, um carpinteiro, um eletrecista... Um pintor.
Tudo isso era Richard, para conseguir manter a sua família na lida da busca para o pão do nosso de cada dia.
Se virando para cá, se virando para lá e já no final da tarde foi encanar uma caixa d´água para escola no qual o seu filho mais velho estudava. Sem receita de bolo, mas prático, resolveu-se o problema. Acontece que naquele dia a chuva estava intensa e quando menos se podia imaginar o senhor Richard, não se sabe, até hoje como, caiu de lá de cima.
Batendo fortemente a cabeça, fraturando o braço e a perna, haviam pessoas que diziam que ele sairá no lucro por tudo o que aconteceu.
Encaminhado ao pronto atendimento local foi posto imediatamente na ambulâncha, que saiu de lá as 19(dezenove) horas em ponto. Chegando ao aterro as 20(vinte) horas para esperar a ambulância, que o levaria ao atendimento na capital.
A chuva da qual ele enfrentava quando cairá começava a desabar no aterro e a noite negra foi ficando mais sinistra com os gemidos de dores daquele jovem senhor.
Exatamente as 22h48min( vinte e duas e quarenta e oito) horas o tão esperado transporte chegou.
Correndo contra o tempo, contra a falta de vontade dos servidores, a falta de estrutura e o descaso das políticas e serviços a vida humana em agonia seguia um tortuoso finalmente.
Na porta do Pronto Socorro Municipal, ainda sem nenhum socorro adequado o senhor Richard, pai de família veio a falecer.
Se tivesse chegado umas horinhas mais cedo talvez ainda estivesse contando a sua odisseia, para filhos, amigos e netos. Acontece que ele era um simples cidadão, sem parentesco com políticos, sem conhecimentos de grandes empresários e sem muito conhecimento na cidade grande. Se fosse filho de alguém influente, poderia até morrer, mas seria bem atendido. Como sempre, os parentes fizeram faixas e cartazes, tentaram responsabilizar A e B, mas como dizia o Secretário, “isso não vai mais acontecer. Vamos tomar as medidas cabíveis para responsabilizar os culpados”.
Um mês depois se soube que outro cidadão, por falta de atendimento veio a morrer no corredor do hospital. Assim se entende quem está acima ou abaixo da linha que se conhece como lei ou até onde, vai a igualdade de todos nessa nossa Democracia.