DIA DO HOMEM
Se não fossem as mulheres a data de hoje passaria em branco. O dia do homem por nós mesmos não é lembrado. O gênero é menos sensível a si mesmo. Mas, vá lá: espero que sejamos homens todos os dias.
Penso minha mãe. Ela que reinou durante muito tempo como única figura feminina da casa. Além do marido, dois filhos. Não era fácil administrar o trio entre ordem e desordem. Cama, mesa e banho por conta, bagunça e faxina a repetirem-se. Quartos de homens, camas de rapazes e sobre elas úmidas toalhas, tênis e meias soltas, cuecas. Guarda roupa masculino, gavetas, roupas, sapatos. Banheiro: o creme dental e o de barbear, a pia em desordem, loção aberta, a tampa do vaso urinada, ah! Que bronca por aquele hábito! Mas nem tudo era caos. Eu sempre fui menos bagunceiro. João espalhava tudo contando comigo para reorganizar. Menos os meus discos e livros; nestes ele não pegava.
O café da manhã nos reunia e, ali, entre carinhos e broncas, fazíamos o desjejum. Minha mãe sempre foi muito zelosa, mas também severa quando necessário. Crescemos e ficamos rapazes, mas mãe sempre vê os filhos como crianças. Lembro-me de que um dia ela entrou no meu quarto enquanto eu me trocava. Não quis que ela me visse nu, mas ela riu da situação: ora desde quando não posso ver meu menino pelado?
- Menino, mãe?!...
Meu pai observava o nosso desenvolvimento físico. Fazia alguma gozação do meu bigodinho apontando, tornozelos acentuados, a voz mudando. Ah, meu pai, que figura! Um romântico saudosista, sem admitir. Advogado, metódico, legalista, perfeccionista, mas, acima de tudo, um homem bom.
Eu não lembrava mesmo que hoje é dia do homem e liguei para ele. Márcia, enquanto me beijava, dava parabéns a ele também que, achando aquilo estranho, observou: olha que aí está acontecendo o mesmo; uma mulher entre cuecas.
Verdade. Márcia tem a mim e mais dois hominhos. Mas logo iremos nos dar ao prazer de termos ambos os sexos em nossa prole.
Se não fossem as mulheres a data de hoje passaria em branco. O dia do homem por nós mesmos não é lembrado. O gênero é menos sensível a si mesmo. Mas, vá lá: espero que sejamos homens todos os dias.
Penso minha mãe. Ela que reinou durante muito tempo como única figura feminina da casa. Além do marido, dois filhos. Não era fácil administrar o trio entre ordem e desordem. Cama, mesa e banho por conta, bagunça e faxina a repetirem-se. Quartos de homens, camas de rapazes e sobre elas úmidas toalhas, tênis e meias soltas, cuecas. Guarda roupa masculino, gavetas, roupas, sapatos. Banheiro: o creme dental e o de barbear, a pia em desordem, loção aberta, a tampa do vaso urinada, ah! Que bronca por aquele hábito! Mas nem tudo era caos. Eu sempre fui menos bagunceiro. João espalhava tudo contando comigo para reorganizar. Menos os meus discos e livros; nestes ele não pegava.
O café da manhã nos reunia e, ali, entre carinhos e broncas, fazíamos o desjejum. Minha mãe sempre foi muito zelosa, mas também severa quando necessário. Crescemos e ficamos rapazes, mas mãe sempre vê os filhos como crianças. Lembro-me de que um dia ela entrou no meu quarto enquanto eu me trocava. Não quis que ela me visse nu, mas ela riu da situação: ora desde quando não posso ver meu menino pelado?
- Menino, mãe?!...
Meu pai observava o nosso desenvolvimento físico. Fazia alguma gozação do meu bigodinho apontando, tornozelos acentuados, a voz mudando. Ah, meu pai, que figura! Um romântico saudosista, sem admitir. Advogado, metódico, legalista, perfeccionista, mas, acima de tudo, um homem bom.
Eu não lembrava mesmo que hoje é dia do homem e liguei para ele. Márcia, enquanto me beijava, dava parabéns a ele também que, achando aquilo estranho, observou: olha que aí está acontecendo o mesmo; uma mulher entre cuecas.
Verdade. Márcia tem a mim e mais dois hominhos. Mas logo iremos nos dar ao prazer de termos ambos os sexos em nossa prole.