DITADURA DO RELATIVISMO.

Relativo e absoluto se opõem. Há uma certeza no absoluto que deriva de certas medidas. Conhecer, absorver conhecimento, é separar o que se aceita do que não é aceitável, ou seja, não implica em verdade. A tanto se chega pela interpretação. Mas a interpretação, também, se discute, não é absoluta.

Tudo seria relativo? Chega-se à medida. Mas a medida cinge o homem ao encarceramento de seus direitos exclusivos, consagrados, os direitos individuais, diga-se, uma bandeira de ordem mundial que está nas mãos da universalidade. E quando se fala em direito individual nos afastamos dos direitos coletivos, de todos em conjunto.

Por exemplo, reconhece-se o direito à dignidade, amplo, e não se deixa categoricamente formalizado o direito de todos a não passar fome, nos estatutos pessoais políticos, Cartas Políticas, Constituições, na nossa, artigo 227, de forma ampliada (obrigados Família, Sociedade e Estado) alimentos aos adolescentes e crianças assegurados. Quando e como?

Caímos no terreno da doutrina, da interpretação, do plural e do singular, este forma aquele em direito, unidos definem a reserva legal coletiva que se defende.

Michel Foucault traz excelente reflexão: "Se a interpretação nunca se pode completar, é porque simplesmente não há nada a interpretar...pois, no fundo, tudo já é interpretação".

“Ainda há tantos pobres no mundo! E tanto sofrimento passam estas pessoas!”, diz o Papa Francisco. O Papa explicou que “há ainda outra pobreza: é a pobreza espiritual dos nossos dias, que afeta gravemente também os países considerados mais ricos. É aquilo que o meu Predecessor, o amado e venerado Bento XVI, chama a "ditadura do relativismo", que deixa cada um como a medida de si mesmo, colocando em perigo a convivência entre os homens”.

Atribui-se a Protágoras: "o homem é a medida de todas as coisas", ou seja, damos a medida segundo nosso singularismo “daquilo que é e daquilo que não é”.

Sócrates censura essa forma radical de relativismo subjetivista, e mostra a contrariedade do posicionamento.

Verdadeiras sendo todas as opiniões de qualquer pessoa, então é preciso reconhecer a verdade da opinião de quem se opõe ao que quer que seja. É o caos da medida e da interpretação.

Para Protágoras o relativismo é falso. Se o relativismo é verdadeiro, então ele é falso (desde que alguém o considere falso). Haveria, por assim dizer, uma ditadura do relativismo cognitivo. A conjunção dos direitos, unificados, formam o direito de todos.

Qualquer ditadura é irresponsável e portanto irrelevante. A razão existe para pautar o razoável, por isso, hoje, o princípio da razoabilidade vem enfrentando a lei, a própria reserva legal com certo sucesso. O absoluto é relativo sem que se admita a ausência da contrariedade, de opinião e de medida, estas singulares ou plurais.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/07/2013
Reeditado em 15/07/2013
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