SÓ NO VISUAL? EU NÃO!

A vida moderna tem uma característica que, como tudo na vida, apresenta aspectos positivos e negativos. Hoje em dia parece que tudo é visual. Os olhos adquirem uma importância muito grande, em detrimento, muitas vezes, dos outros órgãos dos sentidos. Somos metralhados da manhã à noite por imagens, que surgem e se vão tão rapidamente, que quase não nos apercebemos do real sentido delas. Esse bombardeio visual se reflete nas leituras, pois criou um tipo de leitor apressado, sem paciência para textos mais longos e, como tal, perdendo a capacidade imaginativa e muito de profundidade.

Esta constatação eu não precisei ir muito longe para ter. Aqui mesmo, no Recanto das Letras, tenho me deliciado com crônicas maravilhosas, instrutivas, inteligentes, instigantes e que recebem pouquíssimos comentários e leituras. Enquanto isso, pensamentos, frases ou versos curtos são campeões de leitura. É só olhar os 100 mais lidos da semana e quase não se veem crônicas ou artigos ali listados. Não que isso desmereça o trabalho do cronista, afinal não estamos fazendo uma corrida de Fórmula 1 para ver quem sobe ao pódium. Mas isso mostra que o hábito ou a pressa, ou ambos, impulsionaram à leitura rápida, em detrimento de textos que despertam o senso crítico e analítico. E digo mais: quem não lê porque o texto é longo, não sabe o que está perdendo. Perdendo em cultura, em alargamento dos horizontes intelectuais, em conhecimento do autor e dos recantistas que comentam.

Não pense alguém que estou puxando brasa para o meu assado. Até porque, apesar de gaúcha, sou vegetariana! Aprecio e leio todos os gêneros literários e, no Recanto, meus comentários estão mais presentes em artigos e crônicas, porque estes se prestam mais a isso. Para confirmar isso, digo que até cordel eu aprendi a compor! E olhem que para quem nasceu no Rio Grande não é fácil! Meus amigos e excelentes cordelistas Ansilgus e Jerson Brito são testemunhas disso, pois muito me ajudaram nesse tipo de composição. E logo, logo, arrisco um soneto em homenagem ao grande sonetista Aarão Filho, que tem me incentivado, e ao nosso mestre Jacó Filho.

Fique claro que isso não é uma crítica. É, como disse no início, a constatação de alguém oriundo de uma geração que, na falta de recursos tecnológicos, aprendeu a usar bastante a imaginação. Vivemos hoje à época das imagens? Vivemos. Mas, vou ficar, agora, só no visual? Eu não!

Giustina
Enviado por Giustina em 15/07/2013
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