Fragmentos da primeira infância
No meio do nada, longe de tudo;
Lá na curva da imaginação;
Distante do hoje;
Repousa fragmentos de lembranças, sentidos e descobertas.
Nesse quintal de terra batida, tudo parece muito maior,
nada tem tamanho real.
O brejo, no fundo da casa mais parecia um pântano, com suas taiobas e taboas.
A doçura da cana, o repulso do caju verde, o sabor amargo do café adoçado apenas com rapadura feito naquela chaleira esmaltada e toda descascada, o cheiro das espigas de milho assadas nas brasas do fogão á lenha, o gosto do requeijão de Araçuaí que atenuava o sabor amargo do café, tudo isso mediavam descobertas de sabores, cheiros e paladares que se davam ao longo dos dias.
As tramelas das janelas e portas daquela casa simples, eram carrinhos giratórios, e as latas de sardinhas caminhonetes que carregavam terra, pedra, madeira, e tudo que criasse a imaginação.
Os sabugos de milho naquele tempo eram pessoas simples da roça, que voavam, dançavam, andavam de caminhonete de sardinha, e tudo mais que permitisse a imaginação.
A descoberta da tinta vermelha do urucum pintavam meus bonecos de milho e as fantasias daquelas tardes secas e quentes.
Desse curto tempo de infância, nada restou nem a casa, o quintal, o fogão, as tramelas, ou a inocência.
O que resta são apenas fragmentos de lembranças que insisto em remontar.