A BAIXA DA ÉGUA
Por Carlos Sena
Sempre ouvia mamãe falar na “baixa da égua”... Depois percebi que a “baixa da égua” era uma expressão que todos na vizinhança também falavam. Daqui a pouco eu também comecei a mandar o povo para a “baixa da égua”. Logo ela, a coitada da baixa da égua, se incorporou ao meu linguajar sem que eu fizesse uma crítica acerca do que seria essa égua tão importante para ganhar um nome tão falado nas redondezas. Meus amigos também falavam e assim percebi que era naturalíssima essa expressão da “baixa da égua”... Teria alguma coisa a ver com a Baixa do Sapateiro na Bahia? Acho que não, pensei. Certa feita cai na besteira de perguntar aos mais velhos acerca disso. A resposta foi “vá perguntar ao padre velho da lagoa de baixo”. Puta que pariu – disse-me por dentro. Já não bastava a baixa da égua agora eu também vou ter que descobrir quem porra foi esse “padre veio da Lagoa de Baixo”. Imaginei comigo que pudesse ter alguma coisa a ver com a Lagoa de São José, pois a gente quando queria mexer com o povo daquela vila passava de carro e gritava: “Lagoa da Cachorra!”... O povo se arretava. Soube até que mortes houve por conta disso. Então, não foi difícil entender que o Padre velho da Lagoa de Baixo pudesse ter sido, por exemplo, o vigário daquele vilarejo – um distrito da minha terra Bom Conselho. No meu rol de divagações pensei também que pudesse haver uma “lagoa de cima” ou mesmo uma “alta da égua”. Por que não? Afinal os nomes tem relação com outros. Mas, fato é que não havia “alto da égua” muito menos a “Lagoa de Cima”. E agora? Deixei quieto, mas anos depois, ouvindo o programa de rádio AM do Mução – muito popular em todo Nordeste, fiquei feliz porque ouvi, numa das suas pegadinhas, uma pessoa mandando o outro exato para a “Baixa da Égua!”. Ufa! Fiquei feliz. Contentei-me em saber que a “Baixa da Égua” era mesma famosa, não sei se por ser baixa, ou por ser égua, ou por serem os dois juntos. Quanto ao “Padre velho da Lagoa de Baixo”, acho que ele deva ter saído dos CUS dos Judas, que fica exatamente onde o vento faz a curva ou onde a curva se finge de vento para ser mais fresca...
Por Carlos Sena
Sempre ouvia mamãe falar na “baixa da égua”... Depois percebi que a “baixa da égua” era uma expressão que todos na vizinhança também falavam. Daqui a pouco eu também comecei a mandar o povo para a “baixa da égua”. Logo ela, a coitada da baixa da égua, se incorporou ao meu linguajar sem que eu fizesse uma crítica acerca do que seria essa égua tão importante para ganhar um nome tão falado nas redondezas. Meus amigos também falavam e assim percebi que era naturalíssima essa expressão da “baixa da égua”... Teria alguma coisa a ver com a Baixa do Sapateiro na Bahia? Acho que não, pensei. Certa feita cai na besteira de perguntar aos mais velhos acerca disso. A resposta foi “vá perguntar ao padre velho da lagoa de baixo”. Puta que pariu – disse-me por dentro. Já não bastava a baixa da égua agora eu também vou ter que descobrir quem porra foi esse “padre veio da Lagoa de Baixo”. Imaginei comigo que pudesse ter alguma coisa a ver com a Lagoa de São José, pois a gente quando queria mexer com o povo daquela vila passava de carro e gritava: “Lagoa da Cachorra!”... O povo se arretava. Soube até que mortes houve por conta disso. Então, não foi difícil entender que o Padre velho da Lagoa de Baixo pudesse ter sido, por exemplo, o vigário daquele vilarejo – um distrito da minha terra Bom Conselho. No meu rol de divagações pensei também que pudesse haver uma “lagoa de cima” ou mesmo uma “alta da égua”. Por que não? Afinal os nomes tem relação com outros. Mas, fato é que não havia “alto da égua” muito menos a “Lagoa de Cima”. E agora? Deixei quieto, mas anos depois, ouvindo o programa de rádio AM do Mução – muito popular em todo Nordeste, fiquei feliz porque ouvi, numa das suas pegadinhas, uma pessoa mandando o outro exato para a “Baixa da Égua!”. Ufa! Fiquei feliz. Contentei-me em saber que a “Baixa da Égua” era mesma famosa, não sei se por ser baixa, ou por ser égua, ou por serem os dois juntos. Quanto ao “Padre velho da Lagoa de Baixo”, acho que ele deva ter saído dos CUS dos Judas, que fica exatamente onde o vento faz a curva ou onde a curva se finge de vento para ser mais fresca...