CHOREI NA BIENAL.
Três de Setembro de 2006, domingo chuvoso. No bairro Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, cinco jovens morrem num trágico acidente de carro envolvendo álcool e excesso de velocidade. A comoção toma conta de quem vê o noticiário relatando a dor dos familiares e amigos.
Setembro de 2007, Bienal Internacional do Livro, passeio calmamente, participo de brincadeiras, palestra, encontro amigos, folheio livros, minha grande paixão.
Minha intenção era somente folhear o máximo de livros que o meu tempo permitisse mas, um título me chama a atenção: Relato de um amor. A palavra amor desperta o imaginário e eu queria conhecer o que ele relatava. O amor sempre me emociona, não consigo fugir dele.
Capa bonita, prefácio do Caco Barcellos e o autor eu não lembrava Gabriel F Padilla.
Começo a ler e vou reconhecendo o autor, era o pai de uma das meninas mortas no acidente - Ana Clara - e toda a tristeza que ele viveu naquele domingo, três de Setembro de 2006.
A cada palavra lida a emoção toma conta de mim de uma maneira angustiante, sinto-me mal.
O relato daquele pai falando de como educara seus filhos a serem responsáveis no trânsito e por isso só usariam o carro após habilitados pelo Detran, os conselhos que dera para não pegarem carona de amigos que consumiam bebidas e dirigiam colocando a vida em risco.
A dor que sentira quando soubera do acontecido ao atender ao celular ás 6 horas da manhã e um bombeiro lhe dera a notícia.
Com amor ele relata como era a vida de Ana Clara, a sua princesa de 17 anos, seus sonhos, seus planos, as alegrias partilhadas com a família e amigos.
A foto daquele pai sentado no meio fio velando o corpo da filha me desaba e choro.
Naquele momento não chorei a ficção, chorei a realidade.