A lábia dos generais

As guerras são invenções humanas sensacionais. As militares, as de guerrilhas, as civis, as nas estrelas, as espaciais, as frias, ou qualquer outra denominação que se dê. As guerras quase sempre ferram quem não tem nada a ver, matam mais do que o previsto, principalmente os bobalhões, que embarcam na lábia dos generais e congêneres. Congêneres, podem ser marechais, ditadores, guerrilheiros, ou qualquer outra besta que as patrocinem.

Um dia na sala de aula o professor disse que travaríamos diariamente uma guerra contra o crime. Aquilo não me assustou e ainda fiquei acreditando que o professor era um pretencioso que desejava nos meter medo. O susto veio três ou quatro anos, quando numa noite de verão entrei correndo num beco e dois estampidos ziniram nas nossas orelhas. Pronto estávamos em guerra. Passaram-se quase quarenta anos, o tempo já levou o professor, o beco continua lá, os estampidos não são mais de .38 e a guerra continua.

Para quem receita guerras, digo que elas fazem mal a ambos os lados. Você pode acordar no meio da noite ouvindo estampidos, suando frio e precisando beliscar-se para ter certeza que não está fazendo companhia ao professor.