DÁ ESSA GRANA PRA NÓS, DILMA!

No dia 08 de julho de 2013, assisti ao discurso feito pela Presidente Dilma Rousseff, durante o lançamento do “Programa Mais Médicos”, inspirado em modelos da Inglaterra e da Suécia, dizendo, entre outras coisas, que espera que “os médicos brasileiros atendam ao chamado do governo para trabalhar no interior do país e nas periferias das grandes cidades, mas que, se não houver interesse, o governo vai buscar os bons médicos onde eles estiverem”.

Pelo que tenho lido, as coisas não vão ser “melzinho na chupeta” para o pessoal que quiser vir salvar vidas nos mais longínquos rincões do nosso País. Isso por que só poderão participar estrangeiros que tenham estudado em faculdades de medicina com grade curricular equivalente às nossas, sejam proficientes no nosso idioma, tenham recebido de seu país de origem a autorização para livre exercício da medicina, e que pertençam a nações onde a proporção de médicos para cada grupo de mil habitantes seja de, pelo menos, 1,8 médicos para cada mil habitantes.

Descobri que o referido Programa prevê a abertura de 11.447 vagas em faculdades de medicina até 2017 e que, a partir de 2015, as grades curriculares das faculdades públicas e particulares de medicina serão acrescidas de mais dois anos. Esse tempo será destinado a “estagiar” na atenção básica, no 1º ano, e nos setores de urgência e emergência no 2º. Para se submeter a isso, os alunos receberão uma autorização temporária para o exercício da medicina, poderão utilizar esse tempo como crédito para residência médica ou pós-graduação na área de saúde pública, e, ainda, ganharão uma bolsa para atender no SUS.

No dia 10 de julho de 2013, a nossa Presidente anunciou que o salário dos médicos que forem se “lascar nas grotas” será custeado pelo governo federal, que vai pagar R$ 10 mil mensais aos profissionais, e que como medida para interiorização da saúde no País, eles vão receber ajuda de custo que pode variar de R$ 10 a R$ 30 mil, dependendo do lugar onde estiverem.

Excetuando-se a Presidente, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o da Educação, Aloízio Mercadante e o Dr. Adib Jatene, o que se vê e lê são críticas ferrenhas, como essas a seguir: “Aceitar médicos estrangeiros sem a revalidação de diplomas é um perigo para a saúde”, “O programa deve ser questionado na Justiça por ter "arbitrariedades", como a mudança na duração do curso de medicina.”; "Pagar R$ 10 mil para um médico trabalhar 40 horas é um absurdo.", “Curso de medicina mais longo é trabalho escravo.”...

Pensando sobre tudo isso, eu ratifiquei que nada funciona bem em nosso País, onde grassam a corrupção, a indiferença e a violência, porque os gestores nunca sabem quem veio primeiro, se foi o ovo ou a galinha, se “tostines vende mais porque é fresquinho ou se é assim porque vende mais”, ou seja, se tudo é uma questão de educação ou não. Para defender essa tese, eu desenvolvi um silogismo à minha moda:

a) Pessoas educadas adoecem menos, morrem menos e dão menos trabalho aos médicos e aos coveiros;

b) Pessoas educadas sobrevivem do suor de seus rostos, não roubam, não corrompem, não consomem drogas e resolvem seus problemas civilizadamente, portanto não desapontam o povo, não dão trabalho à polícia, nem aos juízes, nem aos carcereiros e nem aos coveiros;

c) Pessoas educadas são educadas por educadores, que, por sua vez, precisam, no mínimo, de serem educados;

d) Embora todos digam que a educação é importante, inclusive os médicos, os juízes, os policiais, os carcereiros e os coveiros... na hora de escolher um curso superior, ninguém deles escolheu fazer carreira na educação;

e) As carreiras educacionais são escolhidas, em sua maioria, por gente que cursou a educação básica em escolas públicas e, na hora ou depois de formado, vai ter de pagar pelo curso superior;

f) As carreiras que conferem status social e financeiro são, normalmente, escolhidas por quem estudou a vida toda em boas escolas particulares e cursou o ensino superior em instituições bancadas pelos impostos de todos os brasileiros, inclusive pelas famílias daqueles do item anterior;

g) Professores da educação básica são acostumados a trabalhar em periferias, tentando educar os filhos de famílias desestruturadas por gente que dá trabalho à polícia, aos juízes, aos carcereiros, ou deu aos coveiros;

h) Se o salário mínimo dos educadores fosse R$10 mil, muita gente que escolhe carreira “nobre”, escolheria carreira educacional;

i) Se os educadores ganhassem o salário mínimo do item anterior, trabalhariam até no Zimbabue, o país mais pobre do mundo;

Então, Dona Dilma Rousseff, Sr. Alexandre Padilha, Sr. Aloizio Mercadante, Sr. Adib Jatene e Cia Ltda, lamento dizer que os Srs. estão todos equivocados. Se vocês querem ver essa “bagaça” ficar nos trinques, é só investir essa grana em nós, os educadores!

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 11/07/2013
Reeditado em 12/07/2013
Código do texto: T4382304
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