O PÃO NOSSO DE CADA DIA

Há mais de um século, quase todos os meus parentes moravam na Vila Cabral. Porque tinha esse nome ninguém, com convicção, soube explicar. Diziam que era porque todos os moradores tinham cabras e elas ficavam soltas pela rua (faz sentido). Na década de 1950 a rua já se chamava Prudente Correa. Essa mesmo que sai de frente ao Shopping Iguatemi em direção ao Jardim Europa e termina atrás da Igreja São José. Vamos voltar ao inicio do século 20, por volta da década de 10/20. Não existiam padarias, a mais próxima ficava em Pinheiros e então o pão nosso de cada dia era caseiro, a moda italiana, pois predominava a comunidade italiana. Cada família fazia seu pão? Não. A padaria era comunitária e todos, principalmente as crianças, participavam da feitura do pão. Como? Amassando com os pés.

Onde entra meu pai nisso? Contava ele que aos sábados, todos os garotos tomavam banho no ribeirão, hoje canalizado, e depois pisavam a massa. Era uma diversão para a garotada. Era feito pão para toda a semana e para toda a comunidade num sistema de mutirão. Vocês pensavam que eram só as uvas para o vinho que eram amassadas com os pés? Ficaram surpresos ou enojados? Possivelmente as duas coisas.

Eu trabalhei durante 26 anos em duas empresas que fabricavam produtos para o ramo de panificação e numa palestra a leigos que vieram vender planos de saúde, surpreendi a todos, até mesmo meus colegas, quando contei essa história que não existe nos livros que contam a história do pão.

Nunca se falou do sabor do pão, mas se comia pão e tomava vinho ou se molhava o pão no vinho. Um pão italiano, estalando, molhado no vinho chianti, que italiano resisti?

Mamma mia!!!

Faço aqui minha homenagem aos “padeirinhos” de outrora que hoje estão todos morando no andar superior (pai, tios, os primos deles e outros).

Santo Bronzato 10/7/2.013

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 10/07/2013
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