Vender a Alma…
Em alguns canais da TV por cabo abundam cada vez mais programas onde as pessoas vendem tudo, desde objectos triviais que compraram a baixos preços, a objectos pessoais, muitos deles deixados por familiares já falecidos e que nos acharem merecedores de ficarmos com bens que foram tão importantes para essas pessoas…
Uma coisa é, num aperto económico, se vender algo para sobreviver, outra bem diferente é vender bens, de incalculável valor afectivo, apenas porque se quer fazer dinheiro…
A história é parte da alma de um homem, e se nos desfazemos da história com facilidade arriscamo-nos a perder a alma…
Na sociedade de excessivo consumo dos nossos dias tudo é mais impessoal, faz-se a apologia, não da moral, da ética, dos valores que permitiram a construção e a manutenção de prosperas civilizações, mas de não nos prendermos a nada, defende-se que tudo tem um preço, que tudo pode ser vendido, tudo pode ser desfeito, dependendo apenas da oportunidade certa…
Estamos pois a criar uma sociedade fria, cada vez menos humana, onde tudo se vende, tudo, mesmo a memória…
E estamos assim a esquecer que ao cortarmos os laços com a história, com a memória, estamos a perder a nossa humanidade, tanto porque quem nos deu/legou/ deixou esses objectos nos escolheu porque nos considerou dignos de perpetuar a sua memória (que vive nesses objectos, como porque ao esquecermos a história iremos repetir os erros dessa mesma história, revelando que nada aprendemos com ela, o que pode redundar não em avanços mas em retrocessos civilizacionais…
Porque estou convicto que a humanidade pode viver com pouco, com quase nada, mas é impossível viver sem alma, porque senão seremos outra coisa qualquer mas humanos, definitivamente não…