Tá lá o corpo estendido no chão

"Tá lá o corpo estendido no chão"

Amanheceu com a boca cheia de formiga, a terra há de comer, literalmente! E que diferença faz agora? Será adubo bom, isso sim.

Uma nota lacônica anuncia: "Fulana de Tal já não está no meio de nós", que se dane se a notícia se espalhar ou não, nem era pra tanto.

Pode até dar pagode, virar manchete de algum pasquim. Quem sabe, virar celebridade, quiçá um presunto respeitável. É mais fácil fazer reverência aos mortos; de repente, eles até despertam mais atenção com um certo ar inatingível; pudera quem vai competir com um morto? Inadvertidamente o corpo estendido no chão, longe de passar desapercebido, pode virar um alvo de especulações, e aí, sai dessa malandro!

Ta lá o corpo gelado, apagado; cessam as inquietações, as dúvidas, o jorro de palavras e um bando de tolices e gestos.

Recebe o inferno em festa e mil sorrisos, quem soube viver com alegria? Ou o anjo retorna à casa celeste? Pra contar só se voltar pra psicografar...

Como na melodia; alguém subiu na mesa e fez discurso, mas não pra vereador, um arauto da hipocrisia, pleiteando o altar da perfeição. Duvida?

Não sabemos ainda até onde vai a capacidade humana de se afetar, não há tratados sobre a lógica nem explicação para os meandros da personalidade humana.

Culpada ou Inocente? Quem estaria apto para julgar?

Sem rótulos e sem valia, não durará mais que um dia a estupefação, passará como um raio a indignação, mas passará.

Tá lá o corpo entendido no chão....por causa de uns sorrisos e uma enorme alegria de viver...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 19/08/2005
Código do texto: T43805
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