Clonado

Estamos fatiados, vivemos a ampla diversidade da cidadania e o gozo de uma liberdade jamais conquistada até meados dos anos 60. Pessoas gritam seus desabafos no meio das ruas, se grudam em beijos ardentes em praças públicas e o casamento deixara de ser a algema dos contos de que até a morte os separe, para virar negócios lucrativos para algumas mulheres.

Mas não é bem sobre isto que é o nosso papo de hoje. Quero falar sobre um caso que alguns jornais populares deram bastante ênfase. A cidade é Itapecerica da Serra no interior de São Paulo ampara uma população de quase 200 mil habitantes. Como toda cidade, fora agraciada pela tecnologia e pelas transformações que o progresso trás; hambúrgueres, coca-cola, happy-hour, Facebook e é claro os caixas eletrônicos para facilitar a vida da população e mais ainda dos credores desta população que como as outras do país, também são absurdamente oneradas pelo Estado.

Seu Alaor do Espírito Santo um dos mais velhos de lá, relata que antigamente recebia-se o dinheiro das mãos do patrão que colocava aos montes em cima de uma mesa e a peãozada fazia fila, cada um recebia aquilo que lhe era direito sem olhar para o do outro, às vezes entrava para a noite e na luz do lampião a honestidade permanecia. Aliás, frisa o aposentado que honestidade por parte deles trabalhadores assalariados, porque o patrão sempre descontava uma coisinha daqui outra dacolá, concluiu.

Com o caixa eletrônico além da facilidade para o cidadão também vieram ladrões com seus explosivos. E foi por causa de uma das explosões que a Dona Avita Mineira de 61 anos está presa. Alguém pode antecipar, “nossa esse mundo está perdido, uma vovó em um esquema desses”, mas não foi bem assim. Uma farmácia que fica entre as ruas Presidente Epitácio Pessoa e Janete Clair fora visitada por um bando que pelas características são profissionais, cuidou de desligar a energia da rua que clareia as ações das câmeras de monitoramento comunitário, depois abriram a porta com a ajuda de um chaveiro meliante e dois bandidos ficaram trancados lá dentro arrombando os caixas. Fizeram à luz voltar ao normal e não despertaram nenhuma suspeita, até o guarda noturno que ronda o local passara sem nada notar. Após duas horas de serviços um carro com placa clonada do palácio do governo parou em frente à farmácia para ser abastecido de dinheiro.

Só que Dona Avita chegava do Pronto Socorro com a filha e viu a farmácia aberta pensando ser o proprietário que fazia algum procedimento, foi comprar o medico receitara. Ao ver que não era, mas que o carro era placa branca pediu desculpas e ia saindo quando um dos bandidos se apresentou como sendo da vigilância sanitária e que a retirada dos produtos fora denuncia de receptação. Ainda oferecera os medicamentos de forma gratuita, na saída entregou-lhe um pacote de dinheiro com mais de cem mil reais, dizendo ser um presente de Deus, mas que só poderia abrir em casa. Quando o chaveiro meliante baixou e trancou a porta a senhora se aliviara dos pensamentos primitivos, deu tchau aos bandidos e andou sorridente com a filha cambaleante de desidratação, sem saber o que continha no saco e a curiosidade latejando.

Agora dois pontos que chamam a atenção no desfecho do caso, após a pane provocada na energia às câmeras pararam de funcionar, mas por sorte da policia e azar de Dona Avita voltaram os dois focos quando ela não suportando mais a curiosidade abrira o pacote e no susto começara a contar as notas. Até a filha pareceu curada e hidratada pelos milagres dos reais.