PROFESSOR MODERNINHO
Hoje (quatro de abril de dois mil e sete) pela manhã – terceira aula, uma aluna disse-me – pedi que repetisse (até dirigi-me mais para perto dela – pois pensei que tinha ouvido errado):
- Professor, você é um ‘professor moderninho’ – e sorriu.
E não me contive:
- Mas por quê? Por que você acha que sou um ‘professor moderninho’?
- Você é diferente dos outros que temos por aqui.
- Diferente? Como assim? – e fui indagando.
- Você sempre dirige-nos a palavra à nossa altura, fala correto, mas nós o entendemos – mas é uma linguagem jovem! Uma linguagem ‘dos jovens’.
- E só por isso eu sou um ‘professor moderninho’?
- É, professor. Alguns dos nossos professores parecem que são do tempo da Pré-História.
- Não diga assim, menina.
E a classe inteira:
- Mas é verdade, professor.
- Pois bem, aproveitando que sou um ‘professor moderninho’, acrescento: “Isso, isso, isso” – assim como o Chaves! (E não teve pra ninguém – riso geral).
Mas o caso aqui não é o ser ‘professor moderninho’, o caso é que poucos professores conseguem ensinar usando em seu linguajar uma linguagem para os jovens. Costumo fazer / usar em minhas aulas vários tipos de linguagens (níveis), pois facilita o aprendizado. E acrescentei a essa aluna:
- Ana, você já percebeu que quando estou explicando alguma coisa, ou corrigindo, eu uso falar as mesmas coisas de diversas maneiras?
- É verdade, você faz isso mesmo!
- Isso é para facilitar o seu aprendizado! É – às vezes – para baixar o meu nível de linguagem ao seu. E até gírias eu uso.
- E você usa mesmo! Já percebi isso.
- Pois bem, isso facilita o nosso entendimento, isto é, o nosso relacionamento professor x aluno e vice-versa. Facilita também o seu aprendizado, coisa que eu ‘primo’ em minha profissão.
E continuei:
- Você acabou de ver um pai sair aqui da porta da minha sala, pois eu o chamei e pedi para acompanhar o filho de mais perto (pois este não está muito ‘ligadão’ nos estudos). É isso que eu quero: eu ‘quero’ que você aprenda, que ‘apreenda’. Você se lembra que dias atrás eu disse que sou apenas mediador do saber e não dono do saber?
- Lembro-me.
- Pois bem, é isso que eu quero: que você aprenda a apreender para mais tarde usar lá fora. O mundo lá fora é maravilhoso! Lindo, mas cruel! Você precisa saber compreender as coisas, fazer as diversas leituras do mundo, desde o momento que você acorda até o momento em que você dorme. E, quando você recostar a cabeça no travesseiro, pense: “Será que o dia de hoje eu consegui apreender alguma coisa?”
E conclui:
- Todos precisamos aprender a apreender – e cada dia que passa isso se torna mais necessário em nossas vidas. A escola é ‘um mal necessário’. Eu sou um ‘mal necessário’.
04 de abril de 2007.