Sarney e os pinguins


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O gênio da lâmpada apareceu de supetão à minha frente. Disse que eu poderia pedir o que quisesse nos próximos 60 minutos. Tinha que ser alguma coisa do passado que eu quisesse mudar. Tomado assim de surpresa, fui falando o que me veio à mente, sem qualquer consideração pela lógica e pelo bom senso. Parece besteira, mas entre as poucas coisas que consegui  expressar, estava o desejo de que Elvis não tivesse morrido e estivesse cantando até hoje.  Desejei também que os Beatles nunca tivessem se separado. E, para você não pensar que só penso em música, quis em meu coração, que o Hitler tivesse nascido como um besouro no Quênia e assim não pudesse ter feito tanta maldade como ele fez. Daí, acreditem vocês, eu me lembrei do Sarney. Não sei como ele conseguiu entrar numa lista tão seleta como essa. Também não sei por quê,  desejei que ele tivesse nascido como pinguim na Antártica. Confesso, foi o que fiz. Com tão pouco tempo e tão curta lista de “pedidos”, não é que ele estava lá? Mas não é culpa minha, ele é que quer estar em todo lugar. Na Academia Brasileira de Letras e em cada metro quadrado de seu estado.
Não sei explicar os fundamentos psicológicos que me levaram a isso. Não existe uma explicação lógica. Talvez, no meu subconsciente, eu tenha achado que ele colocou o Brasil numa fria? Pode ser, mas é tudo especulação. O fato é que, assim que terminaram os 60 segundos, já estava arrependido por não ter sido mais objetivo, mais grandioso em minha lista. Quem pode, entretanto, controlar as forças ocultas da mente?  

A primeira falha grave em que pensei foi não ter desejado que as primeiras bombas atômicas, em Hiroshima e Nagasáki, jamais tivessem sido detonadas. Logo a seguir, me consolei, pensando que, como nesse mundo de fantasias, Hitler teria sido um besouro, nem sequer teria havido a guerra e, muito menos,  duas bombas atômicas.  A segunda falha que me veio à mente foi o Sarney. Para ser honesto, não foi bem nele que eu pensei, foi nos pinguins. Acho que fui injusto, coitadinhos deles...Afinal de contas, que mal eles fizeram?

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