SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Ainda estava escuro quando saímos de casa. Frio de 15º C e o vento constante que produzia a sensação térmica em torno dos 12º C, mas o motivo era justo para essa aventura gelada, nós íamos assistir à XII edição do Revelando São Paulo no parque da cidade que ninguém conhece pelo nome de parque Burle Max.

Repete-se ali o mesmo fenômeno com os nomes pomposos dos aeroportos e ruas por todo o Brasil, pois a população já consagrou os nomes que depois, por uma manobra injustificada das assembleias legislativas, são trocados para nomes diferentes.

É o caso dos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, que virou Ton Jobim; Confins, que virou Tancredo Neves, em Minas Gerais; Guararapes, que virou Gilberto Freire ou Avenida Norte, que virou Governador Miguel Arrais de Alencar (esses dois últimos no Recife).

O fato é que, em São José dos Campos, nos deparamos com um bando de gente despreparada.

As mocinhas da lanchonete, onde fomos tomar o cafezinho;

os motoristas dos taxis;

os fiscais das linhas de ônibus que servem ao terminal rodoviário, não sabiam do evento e nem muito menos onde ficava o tal parque de nome estranho.

Há que se registrar que, dentro da cidade, na sinalização vertical do trânsito, existem placas indicativas com o nome do parque.

Isso sugere que os profissionais do volante de lá ou são todos analfabetos ou por serem desatentos, jamais leram aquelas placas.

Tudo bem que era um domingo, mas os pontos turísticos da cidade como Igreja Matriz e a de São Benedito, o Mercado Público, Museus e outros parques, estavam fechados.

De passagem pudemos ver o Banhado (outra atração turística) que possivelmente tem origem numa tremenda voçoroca, mas que hoje tem vegetação exuberante.

Sentimos a falta de um teleférico para poder apreciar melhor todo aquele visual atraente.

Finalmente, no parque, depois que a névoa se dissipou, assistimos à Cavalhada, que é uma manifestação folclórica, onde se reproduz a batalha entre Mouros e Cristãos.

No entorno várias figuras do folclore tropeiro e apresentação de várias bandas de música das cidades que formam o Vale do Paraíba.

A culinária maravilhosa, os vinhos, a cachaça artesanal e o passeio de trenzinho, compensaram o transtorno do frio e da estressante falta de informação.

O festival somente se encerrará no dia nove, data em que São Paulo comemora o 81º aniversário da Revolução Constitucionalista.

Diante do descaso e do despreparo dos atuais homens públicos, ficamos a imaginar como tudo seria diferente se aqueles homens de 1932 permanecessem à frente dos destinos das nossas cidades...

Como faz falta alguém com formação em Turismo;

como faz falta o zelo profissional dos detentores do poder, que se contentam em sugar os repasses do Governo Federal, sem se empenharem para que os municípios e as cidades com potencial, sejam autossuficientes pela receita gerada pela industria do serviço, com guias, teleférico, ônibus jardineira e acima de tudo, urbanidade com quem os visita.

Esses incompetentes deviam observar o que se faz em Mônaco, aquele principadozinho encarapitado numa montanha de rocha cristalina, que importa tudo, desde água para beber até papel higiênico, e é um dos locais mais ricos do mundo, simplesmente por valorizar o visitante, coisa que não acontece em São José dos Campos.

Até o guichê de atendimento ao visitante, na estação rodoviária, estava fechado, às dez horas da manhã, num dia em que se realizava uma festa que tem todos os ingredientes para ser monumental.