O açougue
Estava passeando pelo centro da cidade em uma tarde de sábado quando fui abordada por uma senhora de uns 60 anos, gordinha, baixa, cabelos grisalhos, presos com grampos,ela não parecia viver na rua, pois não estava suja,mas não estava bem vestida, que disse:
- Fia, estou com vergonha de você
E eu, sem entender nada, disse: - Como?
E ela continuou:
- Estou com vergonha de você, pois queria te pedir algo.
- Pode falar, senhora, se eu puder te ajudar...
- Faz muito tempo que não como carne, e queria tanto, será que você pode comprar para mim?
Ai eu lembrei que tinha só uns trocados, pois já havia gasto com outras coisas, dava para ajudar um pouco, então disse:
- Senhora, espere um pouco, vou até aquele açougue e já volto.
No que ela disse:
- Fia, eu tenho poucos dentes, posso ir com você para escolher, pois não consigo mastigar qualquer carne, pensei em alcatra, contrafilé...
Eu olhei bem para ela, e disse para esperar ali, que logo voltaria, não deixei ela ir comigo.
Quando cheguei no açougue, fiquei pensando no que ela disse de qualquer carne, e pensei em como era abusada, pois nem sabia da minha condição, e já ia escolhendo, então não tive dúvidas quando pedi para o açougueiro:
- Por favor, me dê 5 reais de carne moída. (Ué, ela não tinha dentes, não era melhor para comer?) Ainda estava rindo sozinha quando cheguei ao caixa e como ela ficou me olhando, eu contei para ela, no que ela me disse: - Moça, ela faz isto direto, ela vem aqui e escolhe só do bom e do melhor, a pessoa fica sem graça de negar e acaba comprando para ela, e nós não temos como impedir ou avisar.
Eu paguei e mesmo assim entreguei a carne para ela, já imaginando o quanto seria xingada por ser carne moída quando ela abrisse o pacote na sua casa.´
Fiquei pensando se ela tinha um carrinho de vender churrasco ou um açougue, sei lá, ou se tinha muitas bocas para sustentar, mas nada justifica ela tentar me constranger no açougue ou alegar que faz muito tempo que não come carne, só por isto, já é uma golpista, pois o próprio açougue confirmou.
Fala sério? Golpe da carne? Uma senhorinha? Pois é!