Ponha as barbas de molho, mancebo...

Se você está no "buteco", altas horas; a sua mulher ligar dizendo: "onde é que você está numas horas dessas?! O joãozinho engasgou! Já levei ele no PA, a mãe veio aqui, ainda bem, senão o que seria de mim, parece que você não dá valor à família, prefere os seus amigos! Eu já estou ficando cansada disso!"

Quando você chega em casa ela está dormindo, ou fingindo que está; de calça jans e virada para a parede. Um bicão que vai lá na esquina... Essa mulher nutre o amor por você.

Se você fica no "buteco", altas horas, toma cerveja, ouve música de corno, conta piada idiota; ninguém telefona... Você chega em casa, a mulher está acordada, levanta do sofá, da um beijinho, conduz você, ou que sobrou, para a cama; tira-lhe os sapatos e as calças, pega uma toalha úmida e lava as suas partes íntimas e o chulé dos seus pés, liga o ar e vai até a cozinha, ponha no fogo aquele caldo que já estava descongelando, ponha a roupa na máquina e você ouve: dram, dram, dram, dram da roupa lavando; logo depois o chuiiiiiiiiiiiiiii, da água no chuveiro, ela está tomando um banho. Você já despertou um pouco do porre e está vendo aqueles enlatados antiiiiiiiigos da globo, todo fofo... De repente você ouve slep, slep, slep; é ela entrando, trazendo Gabriela Sabatini para inundar o ambiente. O caldo revigorante na bandeja. mas você não quer mais caldo e ele até cai em cima da pantufa dela, mas isso não é nada. Você joga ela na cama e sofregamente, como um garanhão italiano, a leva ao delírio. Depois, sem mais nem menos, vira para o canto e dorme como um anjinho, nem fuma um cigarro; não há temo para papo cabeça, amanhã é dia de trampo.

Cuidado, meu caro mancebo... Ponha as barbas de molho...