AS CAIEIRAS
(*) Edimar Luz
Denomina-se caieira, o forno de olaria construído com os próprios tijolos que se vão cozer ou assar. Esses tijolos são pequenos blocos preparados com argila crua ,ou barro, como normalmente são feitos em nossa região.
As caieiras de tijolos comuns de nossa região proporcionavam àquelas pessoas que as apreciavam, noites bastante animadas, quando ao redor ou proximidades se reuniam para brincar, beber ou simplesmente para conversar ou contar histórias, sob o clarão do fogo das “bocas” das caieiras incandescentes e em chamas. Em alguns casos, um tocador de viola, ou mesmo de sanfona, era convidado para animar aquele momento, que era de descontração para uns, e também de trabalho para outros, ou seja, para aqueles encarregados ou responsáveis pela queima ou cozimento da caieira, naquelas noites de verão, época propícia a esse tipo de atividade. Não se podia, pois, deixar faltar lenha nas bocas da caieira, durante toda a noite.
Como sabemos, é óbvio que, embora em bem menor quantidade, ainda hoje existem caieiras e olarias comuns, mas geralmente sem aquela mesma animação que se verificava até os meados da década de 70, quando se podia observar também o trabalho estafante e exaustivo dos oleiros,o qual se estendia desde as primeiras horas da manhã até o anoitecer. De barro preparado e grade de madeira na mão, ou fôrma, o trabalhador ia incessantemente preenchendo aquele terreno escalvado que se chamava lastro, onde os tijolos eram secados ao sol. Depois de várias semanas de fabricação artesanal desse produto, e sua conseqüente secagem, no terreno ao lado do barreiro, a caieira era, finalmente, construída para ser cozida ou queimada na tão esperada noite.
Até àquela época, na construção da maioria das casas da região, empregava-se esse tipo de tijolo comum de barro cozido. Isto, evidentemente, faz parte da nossa cultura.
Em última instância, vale lembrar que na região existiam também alguns fornos de olarias de telhas comuns, bem como de ladrilhos, em épocas mais remotas.
Obs. De uns vinte anos para cá, mais ou menos, só se constroem por aqui casas com tijolos de furos, industrializados.
Do meu livro Memórias do Tempo.
(*) Edimar Luz, é escritor/cronista, poeta, articulista, memorialista, compositor, professor e sociólogo, formado em Recife – PE.
Picos - PI, julho de 1997.