EU TROCO MICHEL TELÓ POR MAIS SAÚDE (Uma história real e impactante)

Na tarde de ontem (02/07/2013), no hospital Frotinha, de Messejana, em Fortaleza, no Ceará, uma jovem, com fortes dores no estômago, gritava em desespero, na ânsia

De ser atendida, porém, com um número insuficiente de médicos, o hospital não atendia a demanda. Enquanto isso, dezenas de pessoas se aglomeravam na recepção e corredores, na esperança de serem medicadas.

Um senhor, num rápido e emocionante desabafo, disse: “os estádios estão belíssimos, de acordo com o padrão FIFA. Queremos também hospitais com o mesmo padrão, o padrão dignidade”.

Na realidade, a saúde brasileira jaz na UTI da indiferença e comodismo daqueles que deveriam cuidar dos nossos interesses e se mantém apáticos, afinal, o pobre que, desprovido de condições para pagar um plano de saúde, se dane e se vire como puder.

A situação da saúde pública brasileira é tão estarrecedora que, no último dia 28, uma multidão protestava nas ruas do município de São Gonçalo do Amarante, município localizado na Região Metropolitana de Fortaleza, distante apenas 55 km da capital cearense. O povo questionava o show do cantor Michel Teló, com a seguinte frase: “Eu troco Michel Teló por mais saúde”. Segundo eles, a prefeitura gastará com o evento, cerca de 400 mil reais, enquanto que a educação e a saúde carecem de investimentos.

Em resposta, o prefeito da cidade disse que o povo está desinformado, pois a saúde e a educação funcionam sim.

É bem provável que o povo esteja mesmo desinformado e equivocado em chamar de precariedade hospitais e postos de saúde superlotados, com deficiência de médicos, equipamentos, materiais hospitalares e remédios. Portanto, que venha Michel Teló, afinal, são apenas 400 mil reais, enquanto que a saúde, bem, a saúde, nós sabemos...

Em Fortaleza, novos futuros shows virão. Cantores serão bem pagos; o povo terá duas ou três horas de prazer momentâneo, e no outro extremo da história, professores com salários vergonhosos, e médicos, verdadeiros heróis da vida, tendo que trabalhar em diversos e extenuantes plantões, para multiplicarem seus salários.

E assim a vida segue seu curso natural. Eles fingem que governam, e o povo que, outrora passivo, acatava seus desmandos, agora, porém, desperto, protesta contra suas arbitrariedades, exigindo o que lhes é de direito.

ROGÉRIO RAMOS
Enviado por ROGÉRIO RAMOS em 04/07/2013
Reeditado em 16/08/2013
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