Umas sim, muitas não.
Entre os milhares de desvios comportamentais, uns discretos, quase imperceptíveis, outros mais evidentes, um deles, que beira ao dolo e ronda o nefasto entremeia-se por muitas relações. Travestidas de verdades; enlaçadas com elas; inspiradas por embasamentos; motivadas por circunstâncias e usadas como incrementos, as mentiras, de todos os tamanhos, pesos e duração traçam, de forma quase irremediável, os destinos de muita gente que muitas vezes sem se darem conta, são estigmatizados por esse comportamento. Não dá pra sentir pena desses infelizes. As consequências negativas de se conviver com cascatas e lorotas não permite enternecimentos. Todo tempo passa a ser usado para tentar extrair o que há de verdade em tudo aquilo que se escuta, enquanto um sem número de considerações transita pela cabeça do desafortunado ouvinte. É um tipo de inteligência marginal, voltada para a construção de estórias como se fora um jogo onde o prêmio é a persuasão do imaginado ingênuo, mas que não raro, pega o dotado de calças na mão via contradições. Infelizmente a maioria dos seus interlocutores não dispõe das técnicas analíticas dos psicólogos para tratar os mentirosos compulsivos como instrumentos de pesquisa, ademais a lida não permite maiores dedicações terapêuticas por parte de leigos, (seria outro redundante embuste). O lamentável é que alguns desses elementos possuem, como todas as pessoas, pontos positivos dos quais somos abrigados a abrir mão em nome de um afastamento para o bem das combalidas relações. O tiro de misericórdia é a conclusão, acatada pela maioria dos vitimados, de que este tipo de mentiroso acredita no que diz e que, portanto, não há remédio.