Eu, uma nega manera

O meu final de domingo (16/06) foi hilário, imaginem que por volta das 19:45, a minha casa recebeu um trote mais do que manjado que é o marginal colocar uma pessoa se passando por você chorando e comunicando a sua família que você está sequestrado, e para minha surpresa eles caíram nessa, e em total desespero foram atrás de mim onde eu estava e ao me verem foi um alívio total. Até agora eu não consegui entender como caíram nessa, mas caíram. Mas o divertido iria acontecer mais tarde quando cheguei em casa por volta das 21:30, tinha mais ou menos uns vinte minutos que tinha chegado e ainda falando sobre o assunto quando o telefone toca, claro que fui atender e eram eles de novo e o papo desenvolveu assim(a criatura chorava que nem louca):

A marginal: Mãe, mãe eu fui assaltada e me colocaram no carro....

Eu: Minha filha abre essa porta e se joga desse carro...

A marginal: O carro está em movimento mãe ( e a criatura continuava a chorar desesperadamente)...

Eu: Se joga desse carro filha, o máximo que vai acontecer é você quebrar as pernas e os braços, mas mamãe te leva para o hospital...

Outro marginal pega o telefone e continua a tentar prosseguir com o golpe, e a conversa segue:

O marginal: Ô dona eu quero dinheiro, senão vou matar sua filha...

Eu: Pode matar, não tenho dinheiro...

Neste momento a conversa segue outro rumo, e de repente o marginal começa a me chamar de nega.

O marginal: Nega tua filha tá "sekestrada"

Eu: Não estou te dando o direito de me chamar de nega, você não é o pai da minha filha....

Eu: Cara, você não acha que esse golpe está manjado demais para vocês ainda insistirem com isso...

O marginal: Nega, esse telefone é do macaco, não é?

Eu: Não, é do jacaré (claro que eu sabia que ele estava querendo dizer Morro dos Macacos)

O marginal: rsrsrsrsrrsrsrsrs (ele riu pra caramba)

O marginal: Nega pára de brincadeira, o bagulho é sério. Esse telefone é do Andaraí ou Tijuca, fala sério comigo!

Eu: Vou ensinar uma coisa pra você.

Eu: Depois da portabilidade, você não pode mais querer identificar o bairro pelo prefixo do telefone, se você ligar para um 2771 pensando que está ligando para Caxias, você poderá estar ligando para Vila Isabel.

Enquanto eu falava, ele ficou quietinho prestando atenção em tudo o que eu dizia.

E segue a conversa.

Eu: Aprendeu?!

O marginal: Aprendi nega...

Eu: Vocês colocam uma mulher com voz de minha avó pra dizer que é minha filha, pô cara é demais......

O marginal: Ô nega não consegui te enganar.

Eu: Não! Procura sair dessa vida cara, procure a Deus, endireita a tua vida....

Eu: Agora chega de conversa, você não vai mais me ligar, esquece o meu telefone, pois você já viu que comigo não cola....

Eu: Vou desligar que quero jantar...

O marginal: Posso ir aí jantar com você, nega?

Eu: Pô cara, depois de sequestrar a minha filha, agora você quer me cantar, fala sério....

O marginal: Gostei de você nega.

O marginal: Vai lá nega, bom apetite e que Deus te proteja....

Eu: Sai dessa vida e que Deus possa te abençoar...

O marginal: Posso ligar pra você outro dia? Aí, você é uma nega manera...

Eu: Claro que não...

Depois de uns minutos de papo, consegui encerrar o assunto e espero que ele esqueça o meu número, mas foi uma conversa divertidíssima. Os que me conhecem sabem que eu tenho um tremendo senso de humor, embora nunca tenha pensado na vida em bater um papo amistoso com um marginal, mas a vida tem dessas surpresas.

Não posso deixar de reconhecer que o marginal (que disse chamar-se Luis Estevão) era tão bem humorado como eu, por isso a conversa rolou.

Desejo que essa alma possa encontrar a Deus, pois ele sabe que existe um Deus que protege, daí ter me desejado a proteção.

Dalva dos Santos
Enviado por Dalva dos Santos em 03/07/2013
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