a degradação brasileira
Estamos aqui com o tema sempre atual da degradação.
A nostalgia de uma era dourada, pensar nessa era é ter saudades da selva. Solitude, solidão e solidariedade, não sei o que é isso, sei só um pouquinho.
O esgotamento de propostas de mudanças, a impossibilidade delas. O romantismo como um lugar cheiroso, uma grande cama, lugar próprio para amar.
A política... a governabilidade como desculpa para locupletar-se,a falta de responsabilidade de nós todos. Minha felicidade depende da felicidade dos outros, é tão óbvio para mim, apesar de ser uma grande mentira.
A religião não está por aqui, Assim a fé é busca de alívio, de padrão moral e de progresso econômico, Escambo é o que ocorre, e é nesse o caminho que meus patrícios ficam cada vez mais longe dos deuses.
O apoio aos bancos,leva a falência da civilização, ao fim do mundo conhecido. Todos os quadros serão vendidos aos chineses, tudo bem, já vimos esse quadro antes.
Aqui, eu só gostaria de descansar e encontrar alguém para sonhar.
Passamos em poucas linhas, sem um suspiro, de um parágrafo ao outro, da política à religião e dessa ao dinheiro. Um lugar de muita balbúrdia.Muitas vozes dissonantes reunidas.
Ar, só um pouco de ar.
A falta de bancos nas poucas praças. O Sol que não combina com minha cidade, a ausência de sombras no passeio...Vou misturar-me às ondas humanas, aos caminhantes errantes dos vales, aos artistas populares, à esquizofrenia contagiante da gente mestiça, ao suor nas roupas inadequadas.
O comércio é a medida das relações, clamo por mais amor e menos departamento comercial.Existem mil economistas para cada poeta nessa terra.
Dentro dos carrinhos sem estilo, todos com a mesma cor, eles, os outros, o alto clero, vão ao namoro , às trocas de olhares de dentro de carros. Risível e previsível.
O consumo, o desejo de, une à todos, mas não nos redime.
A alegria e a depressão une a todos, a noite a insônia é companheira.
Vejo a felicidade nos comentários de quem quer a volta da ditadura. Vejo a felicidade de quem ignora isso. Vejo a felicidade de um sem número de imbecis.
Escuto o tim tim das taças de Veuve Clicquot, o lançamento da nova campanha da Lancome. Um sucesso.
Aprendo o que é um moleskine. Ao menos se eu tiver uma ideia,uma ideia pelamordedeus, eu tenho onde guardar.
Saúdo, brindo, a mendiga que caga na esquina e joga a bosta nos passantes. Uma merda preta, fina e oleosa, de consistência considerável. Ela segura o rolo de merda com firmeza e gira o troço sobre a cabeça cantando um mantra, arremessando em direção à tudo e à todos.
O encarceramento a que submeto-me, para não deparar-me com a degradação, não me leva a lugar nenhum, me deixa aqui, ás vezes sorrindo, as vezes só rindo, tinindo em febre.Tremendo de medo de olhar a janela aberta , que me chama.
Hoje peguei um quebranto, foi a eleição do papa. Gente sensível, sofre pra diabo.
A web 2.0 não livra a minha cara, eu não tenho mais vinte anos. A rede por trás da rede, estou preso nela.
Meu superego é condescendente, meu id não me cabe.
Saudades da selva.