Descobrir o verdadeiro sentido das coisas é querer saber demais.

Eu saí de casa a tarde e descobri o que me faltava. Carga no meu mp3. Eu precisava de música, ás 3 da tarde. Meus ouvidos precisavam de algo um pouco mais leve para acompanhar o que vai dentro do meu corpo. E samba... era pesado demais.

Um velho caindo aos pedaços entrou no ônibus sem poder contar com nenhuma clemência do motorista ou de qualquer passageiro. O que faz um velho destes sair de casa naquele horário para andar de ônibus? Será que foi visitar um filho? Um amigo? Jogar baralho? Quando eu estiver caindo aos pedaços, saberei o que aquele velho estava indo fazer. A senhora no outro banco, mais conservada, também carrega traços fincados sem dó por toda a pele. E, não bastasse o peso da idade, carrega também uma cruz pesada no pescoço. Ela quer se salvar. Ela não sabe que ninguém está salvo.

O velho caindo aos pedaços saltou em Caxias. Mas que diabos... minha atenção era integralmente dele até dois PMs, daqueles bem cinza, algemarem um garoto. Ali, de tarde, em Caxias, ele foi algemado e atrás havia uma mulher, chorando. Ele deve tê-la roubado e a PM apareceu, bem cinza. Combinando com o dia.

Agora o trombadinha iria à delegacia, ficar detido, até encherem o saco dele e o deixarem sair.

Até a polícia enche o saco das pessoas e as deixam ir embora. Essa é uma lição: a porta está sempre aberta, eu é que não sei.

Cris Souza Pereira
Enviado por Cris Souza Pereira em 02/07/2013
Código do texto: T4369235
Classificação de conteúdo: seguro