TRISTES, REDES AZUIS RETORNAM DE PARTINS! (CAPRICHOSO É CAMPEÃO/2013)

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Tristes redes da derrota nas cores azul e branca retornam do município de Parintins, desfilando desilusão e frustração na longa viagem de volta para Manaus, pelo Rio Solimões, com a perda do título de “Campeão” nos 100 anos da fundação das duas agremiações Folclóricas, transformadas em Patrimônio Imaterial do Estado, pelo governador Omar Aziz. Balançavam ao sabor do vento as redes tristes, não chorosas, mas sem a alegria do bailado do “dois pra lá, dois prá cá”, da música que os transportou na ida para o município. Não havia festa, nem batucada; era só tristeza e uma certeza, em 2014 todos voltarão e torcerão fervorosamente de novo, para ganhar o titulo!

A dor no peito era tão grande pela perda do título que os pássaros azuis da natureza também deixaram de cantar, em respeito à dor dos não vencedores do Festival, como também os botos cor cinza deixaram de vir à tona para respirar enquanto os barcos que se afastavam do porto, quase que em um silêncio sepulcral, transportando os brincantes que durante três noites se esbaldaram em bebidas, músicas, bailados do “dois prá lá, dos prá cá” e alegrias incontidas, comemorando as apresentações no Bumbódromo, pela comemoração dos 100 anos dos dois bois de pano, o Garantido (vermelho) e o Caprichoso (azul) durante o 48º Festival Folclórico. Mas, no final, só um poderia ser um vencedor e este foi o Garantido!

Com o segundo maior terminal hidroviário do Amazonas e capacidade para receber até 100 embarcações regionais ao mesmo tempo, com espaço na representação da Capitania dos Portos, Juizado de Menores, Serviço Social e local para os bumbás Garantido e Caprichoso recepcionarem seus brincantes, além de boxes de alimentação, lojas de conveniências e agências bancárias, parte da população de Parintins ficou triste com a derrota do Caprichoso, mas o trabalho continuará, independentemente do título ou não, porque o que importa mesmo para o Município é a cara festa, o turismo, o desenvolvimento, mas com o título de “Campeão” com certeza teria ficado melhor ainda! Os bois de pano trabalharão mais ainda, um para derrotar o outro, o “contrário”!

Enquanto os brincantes do Caprichoso armavam tristemente suas redes nos barcos para fazer um longo percurso de volta à Manaus, mas antes passando pelo terminal para adquirir presentes de última hora ou comprar algum quadro em exposição de artistas plásticos excelentes do município, recordo de já ter lido na Faculdade, no Curso de Serviço Social, estudos interessantes das pesquisadoras Lydia Maria Pinto Brito, doutora em Educação e professora de mestrado do curso de sociologia da Universidade Federal do Ceará, Edinelza Macedo Ribeiro, aluna do mestrado profissional de administração da UNP e professora do Centro de Estudos Superiores da Universidade do Estado do Amazonas e Tereza de Souza, doutora em administração de empresas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV e professora de mestrado pela UNP, com o título: “Bois-Bumbás de Parintins: síntese metafórica da realidade?,” publicado na Revista de Administração Pública no RJ. As pesquisadoras pretendiam estudar o “valor que (tal) fenômeno representa(va) para a comunidade local nos aspectos culturais, econômicos e sociais, e por criar um espaço onde os seus integrantes possam refletir, falar e produzir conhecimento sobre sua realidade”, procurando identificar “a percepção dos atores sociais internos sobre a influência desse fenômeno cultural nas dimensões sistêmica e cultural do desenvolvimento local sustentável (DLS) da cidade de Parintins”.

Orientadas pelo estudo de elementos da cultura brasileira que estavam presentes na cultura de Parintins, representado pelos dois bois-bumbás, que se transformaram “em mercadoria subsumida às necessidades do capital”. Também recordo de ter lido interessante análise realizada pelos professores da Universidade Federal do Amazonas, Elenise Faria Scherer, Ernesto Renan Freitas Pintos, João Bosco Ladislau e outros, publicados na Revista de Estudos Amazônicos, do Programa de Pós-Graduação, mas com outras vertentes. Uma delas informava que a continuidade e a mesmice das repetidas festas folclóricas tenderiam a esvaziá-la, porque “eram um repetição do mesmo”. Esses estudos, contudo, só mostram a importância que o “Festival Folclórico de Parintins” e no que ele se transformou, graças à determinação, a coragem e o denodo iniciado pelo ex-prefeito Raimundo Reis, em buscar divulgação em Manaus, pedindo aos donos de jornais que deixassem os profissionais da imprensa acompanhar a festa, mesmo que não publicassem nada.

Enquanto os barcos singravam tristemente de volta para Manaus, pelo médio Solimões, lembro de ter visto o ex-prefeito Raimundo Reis entrando com sua pasta 007 na redação de A NOTÍCIA, implorando para que seu proprietário, o jornalista Andrade Neto, permitisse que pelo menos um jornalista fosse assistir ao Festival. Eu aceitei e fui nos anos de 1981/82, tudo custeado pela Prefeitura Municipal. Não era de minha época, como jornalista, mas acredito que o ex-prefeito Nelson Azedo também tenha feito o mesmo esforço de divulgação, mas não posso garantir nada porque comecei a trabalhar como jornalista em 1978.

Mas alguma coisa estava certa no coração dos torcedores do Caprichoso: haverá o 49º Festival em 2014. Esse, dos 100 anos, já virara passado e se tornara em certeza de que em 2014, com mais trabalho, determinação e garra ainda, o Caprichoso poderá vir a vencer o boi de pano vermelho e branco, boi contrário! Será?

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 02/07/2013
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