Diz o poeta; na letra da musica que melhor traduz o inicio da noite: “ Chove lá fora!”
e em tal noites é fatídico que o pensar do homem lhe direcione a um estado de embriaguez sonífera, caso isto nunca tenha lhe ocorrido, saiba que vosmecê não sabe o que perdeu, sono em dias de chuva é um luxo que não deve ser preterido a quem é sensato. Porém já passei muitas noites de inverno e chuva devidamente desperto e atento e sei driblar a sonolência que me acomete. E o faço para manter na lembrança a ideia de escrever sobre o assunto que palpita em minhas mãos: “O que esta acontecendo com o mundo.”
Dentre os poucos amigos que tenho, primo pela amizade de um velhinho que já chegou aos 82 anos de idade e ele esta vivendo um momento de reminiscencias, sento com ele na varanda de sua casa e ele me pergunta sobre as noticias, o que penso delas e as compara com as noticias de seu tempos idos. Emoldura suas memorias com quadrinhas de primeira linha, bem moldadas em versos meticulosos. Fala dos dias da segunda guerra mundial, da falta que fazia o sal, que sumiu de todo lugar, fala sobre a tabuada e sobre a escola primaria. Lamenta que as crianças de hoje, saibam falar outra língua, mas, não saibam tabuada! Que estudo é esse? Pergunta-me, ansiando por uma resposta que não tenho. Meu amigo não gosta de ser tratado como velho, pois, velho da trabalho e incomoda pensa alto ele. No entanto, não abre mão dos seus direitos e afirma que usa as caixas exclusivas de bancos e supermercados, só não gosta, quando o caixa lhe direciona olhar de reprovação, quando ele lhes entrega notas graúdas e o caixa faz a pergunta que lhe irrita: Não prefere pagar com cartão senhor? Ora, porque eu tenho que pagar com cartão pergunta-me e eu novamente não tenho resposta. Por vezes permanecemos em silencio olhando as arvores de seu quintal que balouçam em festivo revivas, e ele me diz, em tom de pergunta: Vê o que é a natureza? o vento lá de cima não é o mesmo daqui de baixo, as arvores lá em cima balouçam diferente, obedecem o outro jeito do vento. Aqui em baixo o vento é morno e lá em cima será que é mais fresco? Novamente não tenho resposta. Penso por vezes; que quando meu amigo se for eu carecerei de uns anos para me recobrar do susto da separação e quiçá quando eu tiver 82 anos eu possa saber do porque o vento no alto das arvores balouçam diferente e tenha memorias vívidas de belas quadrinhas, até lá pergunto-me: o que esta acontecendo com o mundo?