MISTICISMO E CRENDICES POPULARES
MISTICISMO E CRENDICES POPULARES
A história nos mostra, que o ser humano há dezena de milhares de anos, passou a adotar rituais, que indicavam uma crença no sobrenatural, materializada nas cerimônias em que os mortos eram sepultados com flores e amuletos, sendo estas, talvez, as mais antigas manifestações religiosas que se tem notícia, pois remonta da época do “Homem de Neandertal”.
As escavações arqueológicas revelaram objetos e pinturas rupestres que trouxeram novas pistas, sobre o que se supõe ser referências do comportamento religioso de nossos antepassados.
Muitos séculos depois, comunidades primitivas, escolhiam representantes espirituais, na pessoa dos curandeiros, que se comunicavam com entidades sobrenaturais, e que tinham importante papel na hierarquia tribal.
A prática religiosa mais antiga que se tem notícia, é o Xamanísmo, talvez mais de 10 mil anos e praticada até os dias atuais.
Nossos ancestrais amazônidas ou não, enriqueceram nossa história, nossas crendices, acrescentando-se ainda a miscigenação de raças, credos e culturas ao longo de séculos de ocupação e exploração dessa parte do planeta.
O conhecimento das crendices amazônidas, por parte dos povos da floresta vem sendo transmitido de geração a geração utilizando ervas, cascas, raízes, folhas, partes de animais, além de alguns produtos minerais para os assuntos místicos que ultrapassam a nossa vã filosofia, através de banhos, defumações, garrafadas que pelo sim ou pelo não, são utilizados pela população, no intuito de alcançar sucesso, boa sorte nos negócio e no amor, independente da camada social que pertença.
Por outro lado, essas crendices levam algumas vezes o homem a cometer crimes ambientais, como a caça a determinados animais silvestres ou não, em busca de amuletos para resolver seus problemas de ordem sentimental, econômica, de saúde e de poder, além de outros de natureza espiritual. Os animais mais caçados e utilizados nas receitas místicas repassadas a população usuária são: o boto, a jiboia, o jacaré, o coatí, o coandú, o veado, o tucano, o pirarucu, o cavalo marinho, a estrela do mar, e a tartaruga e outros ocultos em minha memória adormecida pelo tempo.
Hoje apesar do avanço científico e tecnológico a nível mundial, em grande parte do planeta ainda existe uma forte ocorrência de misticismo e das crendices populares, mesmo nos grandes conglomerados urbanos e aqui em Belém do Pará não poderia ser diferente, notadamente pelo sincretismo religioso existente na sociologia urbana da cidade. É muito comum a participação das pessoas em vários credos, pois faz parte da cultura desse povo ir a missa pela manhã e a noite receber a fumacinha das defumações nas cerimônias dos terreiros espalhados pela urbe, principalmente nos dias de homenagem aos santos da igreja católica que coincidem com as entidades das religiões afro, como Santa Bárbara / Iansã, São Jorge / Ogum. Tal fato fortalece a tradição mantida ao longo desses séculos e que por si só garantem o lado comercial do misticismo e das crendices populares na cidade, que tem como ponto de referência principal a feira do Ver-o-Peso.