Dia das Bibliotecas - 1º de julho - Crônica - BIBLIOTECA PÚBLICA NO SHOPPING CENTER - IALMAR PIO SCHNEIDER - Esses dias estive no Canoas Shopping Center e enquanto esperava que a esposa e a filha pagassem alguns carnês e olhassem as vitrinas e lojas,
BIBLIOTECA PÚBLICA NO SHOPPING CENTER
IALMAR PIO SCHNEIDER
Esses dias estive no Canoas Shopping Center e enquanto esperava que a esposa e a filha pagassem alguns carnês e olhassem as vitrinas e lojas, à procura de alguma novidade no mundo da moda, necessária ou não, útil talvez, mas, acredito, nem suntuosa, dirigi-me à Livraria do Globo e adquiri um livro de bolso O Rei Lear de William Shakespeare, tradução de Millôr Fernandes, edição L&PM Pocket, que fiquei lendo sentado num banco em frente a uma loja que vende perfumes e cosméticos, segundo observei perfunctoriamente. Trata-se de uma obra de teatro muito famosa que já foi representada por Paulo Autran e segundo me consta está sendo-o atualmente pelo ator Raul Cortez e troupe em São Paulo. Lembrei-me, então, de como algum tempo atrás havia sugerido uma sala de teatro para o shopping, quando ainda não existiam as onze salas do Canoas Cinemark, por sinal muito confortáveis e modernas, ocorreu-me a falta de uma biblioteca onde se pudesse ler tranqüilamente jornais, revistas e livros, enquanto se aguardasse alguém ou até uma maneira de atrair outros clientes cujo passatempo seja voltado para a leitura em geral.
Tenho notado que as poucas bibliotecas existentes, tanto em Canoas quanto em Porto Alegre, funcionam apenas durante o dia e em locais de reduzida afluência de público leitor o que não seria o caso em foco. Se quisermos que a cultura seja incrementada, dever-se-á oportunizar o máximo possível o acesso aos livros durante as vinte e quatro horas do dia, para não dizer da noite também. Espero que esta modesta sugestão encontre eco, a fim de que seja estudada por políticos e empresários quanto à sua realização, pois só traria benefícios aos que buscam o alimento do espírito nas publicações do conhecimento humano.
Pode ser que estas linhas despertem o interesse do setor de cultura do município, do comércio local ou de quem enxergar fundamento na proposta aqui registrada e abracem a causa oportunamente. Assim me permito citar Monteiro Lobato (1882-1948), quando afirmou que “um país se faz com homens e livros.” Quanto mais culto for o povo mais progresso existirá, uma vez que a sabedoria é a alavanca que move o mundo e a todos aproveita. Já dizia um velho conhecido que “a ignorância é a mãe da desgraça” e na sua simplicidade incitava ao estudo e à aprendizagem. Não quisera me aprofundar neste assunto, mas apenas à vol d’oiseau externar a observação pessoal de escriba de aldeia voltado à literatura que refuto como o acervo mais precioso da Humanidade. E como escreveu nosso contador de histórias maior, o genial Érico Veríssimo: O Resto é Silêncio. Deixo à apreciação dos leitores estas notas despretensiosas mas sinceras e honestas. Se algum mérito têm é o de tentar contribuir para o melhor aproveitamento das horas de lazer dos que apreciam a leitura e que o possam fazê-la na biblioteca de um shopping center. Inédito ou não, pode representar um novo caminho.
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Poeta e cronista
Publicado em 18 de outubro de 2000 - no Diário de Canoas.
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EM 01.06.2009