Eu tenho um diário
Talvez muita gente ache estranho e antiquado, mas eu tenho um diário, no qual costumo escrever à mão sobre os acontecimentos do dia e quais as impressões que estes acontecimentos provocam em mim. Uma vez, um colega meu comentou quando falei sobre ter um diário: "As redes sociais são os nossos diários." Bem, não digo que ele está errado, mas penso que há coisas que as outras pessoas não precisam saber a meu respeito e, quem melhor para me entender do que eu mesma?
Ao escrever no meu diário sobre o que acontece, eu vejo que me ajuda a refletir, observar o comportamento das pessoas e o meu próprio e isso é essencial para um escritor. Há quem ache interessante e pergunte: "O que você escreve no seu diário?" Antes, eu respondia com evasivas do tipo:" Desculpe, mas é uma coisa que só diz respeito a mim. Todo mundo tem direito a ter sua intimidade." Hoje, eu nem mesmo respondo.
Nesses tempos em que as pessoas se expõem de toda maneira, soa estranho que alguém não queira se expor totalmente, mas eu penso que é bom e seguro que eu me preserve e não deixe que todos conheçam certos aspectos da minha vida. Nem todos teriam a sensibilidade para entender o que penso ou sinto,porque ninguém vive a minha vida além de mim.
Escrever sobre o que acontece comigo me ajuda a desabafar, a analisar e questionar as pessoas, além de me tranquilizar em certos aspectos. Enquanto escrevo, eu me vejo como um ser humano com sentimentos, limites e defeitos que precisa se entender e aos outros. Um dia, quem sabe, ao ler o que escrevo hoje, eu diga:"E eu era assim?"
Hoje, ao ler coisas que escrevi quando era mais nova, eu me surpreendo e penso:"Como eu mudei!" É, o diário acaba acompanhando todo o processo de eterna construção da minha personalidade.