PASSEAR DE ÔNIBUS
Por Carlos Sena


Recife: ônibus superlotado, uma senhora fica na porta sem poder entrar de tanta gente. Não bastasse isso ela, agarrada na base de sustentação para não cair, fez a seguinte pergunta: “esse ônibus é passear”? Nisso, diante da porta sem fechar, op ônibus em movimento, um senhor que também estava junto da porta se arretou: “minha senhora, passe amanhã, a gente num sufoco desse quase caindo dessa porra desse ônibus e a senhora vem perguntar se esse ônibus vai passear”? Inesperadamente, o coletivo dá um freio brusco e, aí sim, a porta conseguiu fechar, mas dentro do ônibus tudo lembrava uma lata de sardinha. Quem estava por perto, mesmo cheirando sovaco um do outro; algumas mulheres preocupadas com alguns homens enxeridos que roçavam nelas, etc. todos começaram a rir. Alguns um riso farto, outros aquele risinho com a mão na boca e por aí foi. Mas, a senhora não se fez de rogada. Já meio arretada, gritou olhando na cara do seu desafeto: “quem é que falou que esse ônibus vai passear”? – A senhora, respondeu. Pois o senhor tire a cera dos ouvidos, pois eu apenas perguntei se esse ônibus pegava passe “A”. O senhor é que tá querendo “greiar” com a minha cara, mas eu não tenho medo de macho não, viu? Quando todos entenderam que se tratava de “passe estudantil tipo A” então a gargalhada dobou.  A própria senhora depois disso, entendeu que, de fato, esse entendimento poderia ter ocorrido e que, de certa forma, o senhor que se arretou com ela não estava de todo errado. Mal entendido desfeito, todos começaram a rir. Os dois chegaram a se abraçar. Eis que chega o destino do homem e ele desce, mas a senhora segue rindo com outras pessoas do coletivo... Coisas de ônibus lotado. Isso aconteceu, se lhe interessa saber eu ainda era estudante na UNICAP. Bota por baixo uns vinte anos.